A Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas confirmou nesta sexta-feira (15) a transferência para outros estados brasileiros dos bebês prematuros internados em maternidades públicas amazonenses, por conta da falta de oxigênio dos hospitais. O sistema de saúde amazonense entrou em colapso após as internações por Covid-19 no estado baterem recorde. As informações são do G1.
De acordo com o anúncio da secretaria, os recém-nascidos serão transferidos com autorização dos pais e serão acompanhados pelas mães nos voos que estão sendo preparados pelas autoridades locais.
O governo amazonense não informou a quantidade de bebês que serão transferidos, mas disse que “técnicos da secretaria estão trabalhando no planejamento da logística de transferência” e a os recém-nascidos "passarão por avaliação clínica" para saber se têm condições de transferência.
Os estados que receberão os bebês transferidos ainda não foram divulgados pelas autoridades amazonenses, mas nesta sexta o governo de São Paulo anunciou que vai disponibilizar leitos e assistência médica para bebês e gestantes internados em Manaus e que correm o risco de ficar sem oxigênio.
De acordo com o governo estadual, o Maranhão deve receber ao menos nove bebês prematuros de Manaus. A informação é do Secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Os bebês devem chegar ainda nesta sexta-feira (15) no Aeroporto de Imperatriz, no interior do estado.
O governo do Paraná também ofereceu leitos de UTI neonatal para pacientes do Amazonas nesta sexta (15). De acordo com a secretaria estadual do Paraná, há a necessidade de transferência de 61 pacientes recém-nascidos.
Além de São Paulo e Paraná, o governo de Minas Gerais, também anunciou na tarde desta sexta que vai disponibilizar leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátricas para crianças do Amazonas. O anúncio foi feito pelo governador Romeu Zema (Novo) durante visita a Juiz de Fora nesta sexta-feira (15).
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O secretário da Saúde de SP, Jean Gorinchteyn, disse em coletiva de imprensa que tomou conhecimento da necessidade de leitos por meio da imprensa e prontamente entrou em contato com a secretaria da Saúde do Amazonas para oferecer suporte.
"Imediatamente já fizemos contato com o secretário da Saúde do Estado do Amazonas, o doutor Marcellus. Ele está fazendo um levantamento porque vários estados, de forma humanitária, estão acolhendo esses bebês. E não são apenas bebês, mas são também mulheres grávidas. São essas gestantes que também foram comprometidas pelo Covid e que necessitam de assistência. Então desta forma nós queremos saber quantas ainda precisam da nossa assistência e prontamente estaremos acolhendo aqui em SP", disse Gorinchteyn.
Durante a coletiva de imprensa, o governador João Doria demonstrou irritação com a falta de oxigênio para bebês em Manaus.
"Acabo de falar com o secretário de Saúde e São Paulo atenderá integralmente esses 60 bebês. Eu já pedi a ele, ao término da coletiva, para falar com o secretário de estado do Amazonas. Nós acolheremos todos os bebês que puderem ser transportados aqui pra SP. É o fim do mundo isso. Pra quem é pai e quem é mãe, não tem oxigênio pra bebê? A irresponsabilidade do governo Bolsonaro, me choca isso, como brasileiro", disse Doria.
Envio de respiradores
O governador de SP anunciou também que irá enviar quarenta respiradores a cidade de Manaus. Segundo João Doria (PSDB), os respiradores que serão enviados são desenvolvidos pela Universidade de São Paulo (USP). O governador disse ainda que o estado vai oferecer leitos em hospitais públicos e privados para pacientes do Amazonas que puderem ser transportados até São Paulo.
"Solicitei à USP para encaminharmos imediatamente para o Amazonas quarenta respiradores. Quarenta respiradores produzidos na Universidade de São Paulo, demonstrando a capacidade tecnológica desta grande universidade para o atendimento emergencial àqueles que estão sofrendo com a Covid-19 no estado do Amazonas.", disse Doria.
"Orientei também o nosso secretário da saúde em SP a disponibilizar leitos nos hospitais públicos e a gerenciar leitos em hospitais privados para aqueles que puderem ser transportados até São Paulo para o atendimento prioritário", completou.
Durante coletiva de imprensa nesta sexta, Doria voltou a fazer críticas ao governo federal e responsabilizou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela crise no Amazonas.
"Tenho a sensação de que o governo Bolsonaro gosta do cheiro da morte, e não de celebrar a vida, pois se quisesse celebrar a vida já teria contribuído com o estado do Amazonas para oferecer condições mínimas de atendimento aos brasileiros que lá vivem. Não teríamos assistido às cenas dramáticas que vimos ontem na televisão", afirmou o governador.
Segundo Marcelo Zuffo, professor da USP e responsável pelos equipamentos de suporte à respiração, os primeiros respiradores devem ser enviados ainda nesta sexta (15) para cinco hospitais da cidade. A previsão é a de que todos eles cheguem à região de Manaus até a próxima terça-feira (19).
"Há praticamente dez dias nós estamos em forte interação com cinco hospitais de Manaus: Santa Júlia, Santa Alberta, Delfina, Hospital Adventista e o Beneficência, e foi constituída uma comunidade para receber esses ventiladores e hoje nós começamos a embarcar os primeiros lotes. Até terça da semana que vem nós teremos 40 ventiladores em pleno uso na região de Manaus", disse Zuffo.
De acordo com o governador, uma companhia aérea vai fazer o transporte dos equipamentos até Manaus. "Conseguimos a solidariedade da Latam para encaminhar, transportar e entregar imediatamente à Secretaria da Saúde do Estado do Amazonas esses 40 respiradores. É uma pequena ajuda, mas é um sentimento solidário do estado de SP aos seus irmãos do estado do Amazonas", disse Doria.
A empresa White Martins, principal fornecedora de oxigênio do governo do Amazonas, também conseguiu disponibilizar cilindros para o estado. A Polícia Militar da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) realizou, na tarde de quinta-feira (14), a escolta de cilindros de oxigênio destinados a pacientes internados com Covid-19. Os cilindros chegaram pelo Aeroporto Internacional Eduardo Gomes e foram entregues à Central de Medicamentos do Amazonas (Cema), no bairro Praça 14, zona sul de Manaus, segundo nota da PM.
Ao todo, foram 150 cilindros, sendo 80 destinados ao interior do estado e os outros 70 para unidades hospitalares da capital. De acordo com a Polícia Militar, duas viaturas com oito policiais realizaram a escolta dos cilindros de oxigênio para agilizar a chegada do material, principalmente em razão do tráfego e da necessidade de dar celeridade à entrega.
Policiais militares levam cilindros de oxigênio para Manaus — Foto: Divulgação/PMAM