Manaus volta atrás e suspende enterros com caixões empilhados

Medida só durou um dia e repercutiu mal na capital amazonense, que registra nono dia seguido com mais de 100 mortes.

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A Prefeitura de Manaus informou que não irá mais enterrar os mortos por meio do sistema de camadas, nome dado à prática na qual os caixões são empilhados debaixo da terra. Conforme antecipado pelo GLOBO, a capital amazonense decidiu sepultar os cadáveres em valas com profundidade para três camadas de urnas funerárias. No entanto, a decisão só durou por 24 horas, já que a repercussão foi muito negativa.

"A Prefeitura de Manaus informa que não será mais realizado sepultamento em sistema de camadas no cemitério Nossa Senhora Aparecida, no bairro Tarumã, zona Oeste. Por determinação do prefeito Arthur Virgílio Neto, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) deve manter o modelo de trincheiras, como já vinha ocorrendo" preservando a identidade dos corpos e o vínculo das famílias", diz o comunicado da prefeitura.

BRUNO KELLY / REUTERS 

A cidade sofre com o colapso do sistema funerário provocado pela pandemia de Covid-19. O sepultamento em camada tripla havia sido tomado para tentar conter a fila de espera, já que apenas a adoção da vala comum não estava suportando a alta demanda. Outras também foram adotadas, como os enterros noturnos e a disponibilização de cremação gratuita. O serviço teve início no último sábado. Mas, como não não há esse hábito na cidade e a informação ainda não chegou ao conhecimento de todos, a adesão ainda é baixa: 15 em três dias.

Com a alta demanda por sepultamentos, a força de trabalho atual dá sinais de esgotamento. E o serviço se acumula. Um episódio ocorrido neste domingo ilustra bem como a situação saiu do controle. Cansada de aguardar o sepultamento, uma família solicitou ao motorista do carro funerário que levasse o cadáver até a cova. Como ainda não estava na vez deles, não havia fiscal e nem coveiros. Irritados, decidiram enterrar por conta própria o parente.

881 óbitos em uma semana

Todo este cenário é decorrente da enorme quantidade de sepultamentos diários. Depois de registrar o recorde de óbitos no último domingo (142), a prefeitura confirmou 118 óbitos nesta segunda. Já é o nono dia seguido que a capital registra mais de cem mortes.

Nos últimos sete dias, foram 881 mortes na cidade, com uma média de 125,8 por dia. Já os sepultamentos somam 866 neste período, o que leva a 123,7 a cada 24 horas.

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