Manifestantes e policiais militares entraram em confronto na noite desta quinta-feira em frente à prefeitura do Rio de Janeiro durante protesto que reúne mais de 300 mil pessoas. A Tropa de Choque da Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a multidão que se postava em frente ao prédio do Executivo.
A cavalaria da polícia avançou para cima dos manifestantes, provocando correria nas ruas do entorno da prefeitura. Enquanto isso, um grupo enfrentava com pedras os PMs na frente do edifício. "Ei, policial, só não se esqueça que o Cabral te paga mal...", gritavam. Dentro da prefeitura, a Tropa de Choque da Guarda Municipal formava outra barreira.
Manifestantes fizeram várias fogueiras na avenida Presidente Vargas. Enquanto PMs atiravam bombas de gás, o grupo se protegia utilizando pedaços de madeira como escudo.
Após a dispersão, boa parte dos manifestantes começou a marchar em direção ao Maracanã, que fica a cerca de 1,5 quilômetro da prefeitura. No início do protesto, a PM estimou em 300 mil o número de pessoas nas ruas. Segundo os manifestantes, o número deve chegar a 1 milhão.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. ?Essas vozes precisam ser ouvidas?, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.