O pintor Anderson da Silva, de 28 anos, se entregou à polícia na noite desta segunda-feira (6) e confessou ter matado asfixiada a esposa Simone da Silva de Souza, de 25 anos, por causa de ciúmes, na casa do casal no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele ainda disse que se arrepende do crime, que aconteceu na frente do filho de três anos do casal.
“Ele só contou isso, que ele estava tomando alguns remédios tarja preta e acha que isso pode ter alterado um pouco a cabeça dele, a consciência dele. E essa situação da gravidez que foi o estopim aí para ele ter cometido esse crime bárbaro”, relatou o delegado Luís Otávio Franco, responsável pelo caso.
No Brasil, um homicídio motivado por ódio contra a mulher pode ter penas mais duras. Anderson vai responder pelos crimes de feminicídio e aborto e pode pegar até 40 anos de prisão.
A vítima estava grávida de dois meses e Anderson desconfiava que não fosse o pai da criança. Antes de fugir, o acusado deixou o filho na casa da avó e chegou a buscar na escola a segunda filha do casal. A polícia disse que menina está na casa de parentes dele, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Mas a criança ainda não foi devolvida à família de Simone.
“Provavelmente o conselho tutelar vai tomar ciência dessa situação. Uma mãe infelizmente faleceu e o pai provavelmente vai permanecer preso. O conselho titular que vai decidir com quem ficará essas crianças”, disse o delegado.
A violência na Rio fez também fez com que a própria família de Simone precisasse socorrê-la depois que o marido a asfixiou. Parentes chegaram a chamar a Polícia Militar para socorrer a jovem, mas os policiais cruzaram com traficantes e teve troca de tiros. Um PM ficou ferido e a própria família acabou levando a vítima para a Unidade de Pronto Atendimento do alemão, mas ela não resistiu. No fim do dia, o marido se entregou na delegacia de Seropédica.
“O mais importante que a gente queria era que ele se entregasse e ele se entregou”, Roseana Barbosa Pinto, cunhada Simone.
Revolta
Nas redes sociais, amigos postaram mensagens de revolta. “Não consigo acreditar que você se foi, sempre lutou pela sua família deu sempre seu amor pelos filhos. Fica com Deus”, disse uma amiga.
A morte de Simone aconteceu na véspera do aniversário de 12 anos da lei Maria da Penha, mas os números da violência contra a mulher ainda são preocupantes. No ano passado, foram 68 casos de feminicídio no estado do Rio. Ou seja, a cada cinco dias uma mulher perde a vida, simplesmente, por ser mulher.