Marido de aluna morta em sala de aula vai processar faculdade

A família da estudante Angelita Pinto alega que houve omissão de socorro.

Angelita Pinto. | G1
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O operador de off set José Carlos dos Santos, de 44 anos, afirmou na manhã desta sexta-feira (24) que irá processar as Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) pela morte da sua mulher Angelita Pinto, de 28 anos, que aconteceu na noite de quinta-feira (23). A estudante do primeiro semestre do curso de ciências contábeis passou mal dentro da sala de aula e, segundo a família, foi vítima de omissão de socorro.

A FMU divulgou nota afirmando que lamenta o fato e que chamou em poucos minutos o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Segundo o marido, a técnica em enfermagem, que tinha arritmia cardíaca, aguardou mais de 40 minutos pelo socorro especializado. Colegas da faculdade fizeram o primeiro atendimento enquanto esperavam a chegada do Samu.

?O que aconteceu lá é um absurdo. Ela morreu por falta de atendimento médico. Ela foi receber socorro médico 42 minutos depois de começar a passar mal?, disse o marido quando chegou ao Instituto Médico Legal (IML) para liberar o corpo. Santos afirmou ter ficado sabendo que a faculdade demorou cerca de 15 minutos para ligar para o Samu.

?Não precisava nem ser o desfibrilador. Uma massagem adequada. Não tinha ninguém. Nas fotos, quem está fazendo [a massagem] são alunos e a médica do Samu estava passando por telefone como fazer. Se tivesse alguém da área médica, com certeza, ela não teria morrido?, afirmou.

A família pretende abrir um processo contra a faculdade. ?Com certeza [pretendemos entrar na Justiça]. A parcela de culpa deles é muito grande. Só deram meus sentimentos. O que eles tinham que ter dado era atendimento na hora que ela passou mal. Uma faculdade de nome, não tem um plantão médico, não tem um médico, não tem nada?, declarou.

O marido conta que há cerca de um mês Angelita havia parado de tomar um medicamento para o problema de arritmia, que tinha desde criança. Ainda segundo Santos, o problema não era grave e não exigia intervenção cirúrgica. Como o remédio começou a provocar reações adversas e ela se sentia melhor, o médico disse que ela poderia suspender a medicação sem prejuízo para sua saúde. ?Era um remédio fraquinho porque não era tão forte a arritmia dela, mas de um tempo pra cá ela não estava precisando mais. Ela estava levando uma vida normal?, declarou.

Intervalo

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o Samu foi comunicado da ocorrência às 21h46 e chegou ao local às 22h05. Os bombeiros, no entanto, afirmam por meio de seu Twitter que foram contatados às 21h49 e que chegaram ao local às 21h56. O marido contesta essa versão. ?Não chegou ninguém antes dos 42 minutos?, declarou.

Os horários divulgados pela faculdade são diferentes. A FMU afirma que às 21h40 acionou simultaneamente o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e o Samu, e que às 21h51 o corpo de bombeiros já iniciou o atendimento.

Coordenador

No boletim de ocorrência referente à morte de Angelita, o professor Sérgio Luís Conti, que aparece como coordenador do curso de ciências contábeis da FMU, afirmou que a unidade do Itaim Bibi da instituição de ensino não possui departamento médico nem enfermeira de plantão. Segundo ele, um bombeiro civil estava a postos. Conti, entretanto, informou que o profissional não prestou socorro à vítima.

A Secretaria da Saúde informou que não existe legislação municipal que obrigue a existência de ambulatórios em instituições de ensino, mas sim a obrigatoriedade de um desfibrilador em locais onde circulam entre 1.000 e 3.000 pessoas diariamente.

A estudante deve ser enterrada no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

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