A decisão de muitas mulheres de ter filho mais madura contribuiu para aumentar nos últimos 20 anos os diagnósticos de síndrome de Down, segundo um relatório divulgado nesta terça pela Queen Mary University de Londres.
Publicado na revista British Medical Journal (BMJ), o estudo apontou que o número de casos identificados entre 1989 e 1990 na Inglaterra e em Gales foi de 1.075. No período de 2007 e 2008, no entanto, o mesmo dado saltou para 1.843, um aumento de 71% atribuído à maternidade mais tardia.
O número de bebês nascidos, no entanto, com o transtorno cromossômico (a presença de material genético extra do cromossomo 21) ficou estável nessas décadas pelos avanços nos testes de diagnóstico no pré-natal e o aumento do número de mulheres que decidiram abortar.
Nesse período, o nascimento de bebês vivos com a síndrome de Down só caiu 1%, explicam os autores do estudo, que concluem que sem os abortos o número de bebês nascidos com a doença teria aumentado 48%.
Nove em cada 10 casais diagnosticados com o transtorno decidiram interromper a gravidez, segundo apontou a pesquisa. Joan Morris, professora de estatísticas médicas da Queen Mary que dirigiu o estudo, explicou "que o que estamos vendo é um aumento brusco na identificação de gravidezes com síndrome de Down, com o auxílio das ecografias".
"Acreditamos que as melhorias levariam a uma queda do número de nascimentos com síndrome de Down. No entanto, devido ao aumento na idade maternal isto não ocorreu", manifestou.
A probabilidade de ter um bebê com síndrome de Down é de uma entre 940 mulheres com mais de 30 anos. O índice cai mais ainda no caso das que alcançam à maternidade acima dos 40 anos, uma em cada 85 mulheres.
Os pesquisadores constataram no estudo que a proporção de diagnósticos entre mulheres menores de 37 anos aumentou nestas duas últimas décadas.
"Entre as mães com idades entre 37 anos ou mais, 70% das gestações atingidas são diagnosticadas pelo pré-natal. Em mães mais jovens, a proporção de gravidezes diagnosticadas pelo pré-natal saltou de 3% para 43% devido às melhorias no acesso e na precisão das ecografias", diz o estudo.