A médica cubana Ramona Matos Rodriguez, que abandonou o Mais Médicos, será desligada do programa do governo federal e deve ser substituída na quinta-feira, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. O chefe da pasta desconversou sobre o salário da profissional, motivo alegado da dissidência da estrangeira, e apenas repetiu que as questões contratuais foram acertadas entre a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e o governo de Cuba.
?Os termos da relação de participação são da Opas com o governo de Cuba?, limitou-se a dizer o ministro ao ser questionado sobre a fala de seu antecessor, Alexandre Padilha, de que um integrante do mais médicos não ganharia menos que um enfermeiro do programa Saúde da Família.
Ramona Matos Rodrigues, 51 anos, afirma ter se sentido enganada ao ficar sabendo que médicos de outras nacionalidades ganhariam R$ 10 mil, enquanto ela ficaria com US$ 1 mil. Do montante, receberia US$ 400 (cerca de R$ 960) por mês no Brasil, enquanto os outros US$ 600 (R$ 1.450) são enviados para uma conta em Cuba, que poderão ser sacados no fim dos trabalhos. O governo repassa cerca de R$ 10 mil a Opas por cada profissional cubano contratado.
Chioro tentou minimizar a desistência da médica cubana, ao informar que num universo de 6,6 mil profissionais, apenas 80 deixaram o Mais Médicos. Segundo o ministro, 22 cubanos voltaram para o país de origem, 17 por problemas de saúde e outros cinco por motivos pessoais - todos substituídos, segundo a pasta. Ao todo, 5.378 cubanos trabalham no Mais Médicos.
"Não é possível que haja um ataque ao programa Mais Médicos com esse tipo de acusação. O grande problema é que se transforma em um espetáculo uma situação normal de desistência, que acontece toda hora", disse, num ataque ao partido Democratas (DEM), que abrigou a médica cubana na liderança do partido. "É duro conviver com alguém que tentou boicotar o quanto pode que 22 milhões de brasileiros recebam atendimento."
Segundo o ministro, a saída da médica provocou "graves prejuízos" à cidade de Pacajá, provocando problemas em consultas agendadas. "Pessoas que se locomoveram (ficaram sem atendimento). Não podemos aceitar que haja prejuízo à população", afirmou.
Segundo Chioro, o Ministério da Saúde já deu início ao processo de desligamento de Ramona. Descredenciada do Mais Médicos, ela perderia o visto temporário emitido para trabalhar no País. No entanto, a estrangeira deve conseguir ficar no Brasil enquanto for analisado um pedido de refúgio, que será encaminhado ao Ministério da Justiça.