A Médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, que defendeu a hidroxicloroquina, como forma de tratamento para a covid-19, afirmou em entrevista a um programa de TV, que foi suspensa pelo Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde trabalha.
"Eu recebi uma ligação do diretor clínico do hospital me informando que, a partir deste momento, eu não poderia exercendo as minhas funções no hospital, não poderia estar prescrevendo e nem atendendo aos meus pacientes que já estão internados", disse ela.
"Eles acreditam que a minha fala em prol da hidroxicloroquina não tem fundo científico denigre o hospital, porque todo mundo relaciona a minha presença à imagem do hospital. E eu sempre tenho colocado que eu não falo pelo hospital. Eu faço a defesa da hidroxicloroquina porque eu tenho certeza que ela cura nas fases iniciais", acrescentou.
A assessoria justificou a suspensão devido à uma "analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto" ao declarar que "você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações..."
"Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público", afirma o hospital.
Nise Yamaguchi é considerada uma das principais defensoras do uso do medicamento em pacientes leves e moderados com coronavírus e já afirmou que o medicamento deveria ser usado em pacientes que ainda não tivessem sido internados.
Ela foi, inclusive, um dos nomes cotados para ocupar a vaga de Nelson Teich no Ministério da Saúde do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Na época, ela chegou a dizer em entrevista ao UOL que aceitaria o convite caso fosse convidada pelo presidente.
Nas redes sociais, bolsonaristas protestaram contra a suspensão da médica e pesquisadora do Hospital Albert Einstein.
Nos Estados Unidos, o país que catapultou a hidroxicloroquina globalmente como uma possibilidade de tratamento aos infectados com o novo coronavírus, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Instituto Nacional de Saúde do país retiraram o medicamento, originalmente criado para combater malária, do coquetel de drogas recomendados contra a covid-19.
E, há quase um mês, a agência reguladora de medicamentos e alimentos (FDA, na sigla em inglês), revogou a autorização de uso emergencial, dada em março, para que os hospitais americanos ministrassem hidroxicloroquina aos pacientes com covid-19.
Desde o início da pandemia, cientistas do mundo todo têm feito testes para avaliar a eficácia e segurança da cloroquina e da hidroxicloroquina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2), mas até hoje não há consenso na comunidade científica.
Confira a íntegra do comunicado do Hospital Albert Einstein
Com relação a declarações prestadas pela Dra. Nise Yamagushi, o Hospital Israelita Albert Einstein tem a esclarecer o seguinte:
1. O hospital respeita a autonomia inerente ao exercício profissional de todos os médicos, jamais permitindo restrições ou imposições que possam impedir a sua liberdade ou possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho.
2. A Dra. Nise Yamagushi faz parte do corpo clínico do Hospital, sendo admissível que perfilhe entendimento próprio com relação ao atendimento de seus pacientes ou à sua postura em face da pandemia ora combatida, desde que observe as regras relacionadas ao uso da sua condição de integrante do Corpo Clínico em sua comunicação.
3. Trata-se, contudo, de hospital israelita e a Dra. Nise Yamagushi, em entrevista recente, estabeleceu analogia infeliz e infundada entre o pânico provocado pela pandemia e a postura de vítimas do holocausto ao declarar que "você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela MASSA DE REBANHO de judeus famintos se não os submetessem diariamente a humilhações, humilhações, humilhações...".
4. Como se trata de manifestação insólita, o hospital houve por bem averiguar se houve mero despropósito destituído de intuito ofensivo ou manifestação de desapreço motivada por algum conflito. Durante essa averiguação, que deve ser breve, o hospital não esperava que o fato viesse a público.
A expectativa do hospital é a de que o incidente tenha a melhor e mais célere resolução, de modo a arredar dúvidas e remover desconfortos.