O médico cubano de 45 anos suspeito de abusar sexualmente de quatro pacientes grávidas em um posto de saúde de Luziânia, cidade goiana do Entorno do Distrito Federal, foi indiciado por violação sexual mediante fraude. Para a delegada responsável pelo caso, Dilamar de Castro, ele aproveitou da sua condição profissional para cometer os crimes: "A violação mediante fraude é um crime onde o autor utiliza de um artifício que não seja violência ou ameaça, mas sim, da confiança, a relação que estabelece com a vítima e, se valendo dessa relação, ele praticava os abusos sexuais".
O clínico geral foi interrogado por duas vezes. Na primeira ocasião, ele negou ter cometido os abusos e afirmou que os procedimentos feitos durante as consultas ginecológicas eram normais. Segundo a delegada, ele disse ainda que faltava material médico no posto de saúde.
Já no segundo interrogatório, o cubano disse que não se lembrava dos detalhes e negou ter dito que faltava material médico na unidade em que trabalhava. "Ele trouxe na primeira declaração informações que foram verificadas por testemunhas, fomos até o posto onde ele atendia, verificamos as condições, que não condiziam com o depoimento dele e aqui ele não teve como explicar aquela justificativa inicial", afirmou a delegada.
Logo após a primeira denúncia, em maio, o Ministério da Saúde informou que o profissional estava ?afastado de suas atividades até a conclusão das investigações" e que havia instaurado um processo disciplinar para apuração da conduta do médico. Procurado nesta quinta-feira (26), o órgão não se pronunciou até a publicação desta reportagem.
Denúncias
Quatro grávidas procuraram a Polícia Civil em maio para denunciar o médico, que trabalha na cidade desde o início deste ano. Ele é um dos 18 estrangeiros esclados para trabalhar em Luziânia por meio do programa federal Mais Médicos.
As pacientes afirmaram que ele cometeu atos libidinosos durante consultas. Elas já haviam reclamado da situação para uma enfermeira. A profissional as orientou a procurar a polícia. Todas as vítimas foram submetidas ao exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Segundo uma das gestantes, que estava de 7 meses na época, o abuso aconteceu durante um exame pré-natal. "Fui para uma consulta de rotina, meu quadro é de infecção urinária. Ele pediu para que eu deitasse em uma maca não convencional, não usada para aquilo, e tocou nas minhas partes íntimas por um período maior que o normal de um toque. Ele teve a intenção de um ato libidinoso", relatou a paciente na época da denúncia.