Dos 20 leitos de UTI do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (UFPI), apenas cinco estão sendo usados. Segundo os médicos que trabalham lá, isso se deve as precárias condições de trabalho. Por esta razão eles resolveram protestar realizando uma paralisação que teve início ontem às 7 horas da manhã.
Esta manifestação vai durar 48 horas e hoje o movimento continua. A principal reivindicação da categoria é contra a má-gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Os médicos se revoltaram, pois o hospital que demorou 23 anos para ser concluído tem capacidade de realizar atendimentos de alta complexidade, porém só estão funcionando consultas e internações simples.
Faltam até insumos básicos, como gaze no centro cirúrgico, conforme informações dos médicos. Além disso, os médicos afirmam que a Ebserh vem descumprindo a legislação trabalhista e não paga o adicional por insalubridade aos médicos.
Médico do hospital, Marx Araújo analisa que o HU possui um grande potencial que é subaproveitado. ?Um hospital de alta complexidade funcionando apenas para internação. Esta é uma luta para chamar atenção da sociedade piauiense para o pleno funcionamento deste hospital?, declara.
Segundo ele, apenas atendimento ambulatorial e exames de imagem estão funcionando normalmente. Contudo, ele ressalta que um aparelho de hemodinâmica que custa mais de R$ 1.000.000,00 que é utilizado para realizar cateterismo e demais procedimentos vasculares não está funcionando por falta de insumos, como cateter, por exemplo.
Além disso, ele aponta que dos 224 leitos de enfermaria, menos de 50 estão com pacientes. O centro cirúrgico também não está funcionando plenamente devido a problemas de materiais.
A presidente do Sindicato dos Médicos, Lúcia Santos, questiona a atual gestão feita pela empresa. ?Esta empresa foi criada com a desculpa de dar mais eficiência a gestão nos hospitais e até agora nada, só estão acontecendo consultas e exames. Uma empresa criada apenas para cabide de empregos e para desviar recursos?, reitera.
Ela reforça ainda que a categoria deseja uma gestão eficiente para que o hospital funcione na sua plenitude. ?A gente quer uma gestão eficiente. Uma gestão direta. Não adianta criar órgãos e mais órgãos só para desviar dinheiro?, destaca Lúcia, condenando a ineficiência do aparato burocrático brasileiro.
Lúcia ressalta que existe a possibilidade de greve e que as negociações com a EBSERH não estão avançando. Ela informa que os médicos estão aguardando uma resposta dal empresa às solicitações da classe médica.
Médicos se mobilizam no HEMOPI
Hoje o protesto dos médicos foi programado para acontecer no HEMOPI, onde eles doarão sangue. Através deste gesto solidário, a categoria chama a atenção da sociedade para a importância do ato de doar sangue e também a grave situação que o HU está enfrentando por conta de falhas na administração.
A Ebserh esclarece que vem sendo adotada, na negociação coletiva, total disponibilidade para diálogo aberto, com recebimento e discussão de demandas.
Em nota a empresa informou que há cinco meses vem negociando com as representações dos empregados. A Ebserh argumenta que as garantias de remuneração a empregados acrescidas das parcelas transitórias, como adicional de insalubridade, usando como referência para cálculo de pagamento, o salário-base do empregado.