Com o passar dos dias, o teresinense se depara com a situação ainda mais preocupante do rio Poti. Por conta da intensa poluição o rio fica cada vez mais tomado pelos aguapés e a imagem que todos têm é de um grande tapete verde sobre as águas. Mobilizada, a sociedade tenta agora, através de campanhas, chamar a atenção do poder público para tal fato.
Uma dessas mobilizações gira em torno da criação de um comitê, que envolve a bacia hidrográfica do Parnaíba e do Poti/Longá/Piranji, os três rios mais relevantes deste meio. Segundo a coordenadora da Rede Ambiental do Piauí- Reapi, Tânia Martins, somente esta ação poderá solucionar o problema do Poti.
?Todo este problema só se resume à quantidade de esgotos que caem nas margens deste rio. Tendo em vista isso, há milhares de anos se vem tentando resolver a situação e nunca é solucionado nada. Nós vemos um caminho para isso com criação deste comitê?, relata a coordenadora.
O comitê também envolve ainda os usuários de água, como aqueles trabalhadores da construção civil e aqueles que trabalham na fabricação de picolés, toda a sociedade civil e governo. Além de um direcionamento para a questão, o projeto prevê o gerenciamento das águas do Estado, que conforme Tânia, não existe.
Como ambientalista, Tânia Martins, também se vê preocupada com a situação do rio. Para ela, o Poti está praticamente morto, por não conseguir mais respirar. ?Se houvesse um saneamento adequado não precisaríamos gastar absurdos para revitalizar o rio, visto que se continuar assim, um dia teremos que fazer isto?, acrescenta a ambientalista.
O poder público, através da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, analisando os motivos para tal problema, destaca duas soluções que podem ajudar a resolver a situação. A primeira delas é temporária e a segunda é estrutural, a qual revela mais duas ações.
?Nós entendemos que primeiro deve voltar a chover, para que assim o rio aumente sua vazão e a matéria orgânica seja diluída pela força da água. A outra maneira é ampliar a rede de coleta e tratamento de esgotos em Teresina, que é o que o governo já está fazendo. Já conseguimos recursos para aumentar de 20% para 55% esta rede. A população também deve colaborar, fazendo a ligação de sua casa ou empresa com a rede coletora de esgoto?, responde o secretário Dalton Macambira.
Preocupação com o lixo ambiental
Outra situação enfrentada na cidade diz respeito ao descarte de lixo eletrônico. Quem não se viu na situação de ter que jogar fora pilhas, notebooks ou computadores que não servem mais ou peças desses aparelhos? Para as organizações governamentais, o problema da cidade ainda não é o descarte, mas o processamento adequado desse material.
De acordo com Leandro Sousa, presidente de uma das entidades que trabalham com a metarreciclagem, existem alguns compradores desses materiais, no entanto aquilo que não é de interesse deles é descartado no meio ambiente de forma inadequada. ?Se tivéssemos aqui uma indústria ou algo que disciplinasse isso seria bem mais fácil controlar esse tipo de poluição?, destaca.
Com vistas a trabalhar sobre essa questão, a metarreciclagem investe no recondicionamento de computadores e na profissionalização de jovens aliada ao tema ambiental. Com a ação, as máquinas podem voltar para a sociedade, o que não é reaproveitado tem o seu descarte correto e alguns metais são vendidos para a sucata com o dinheiro revertido para o projeto.
?Com esta ação queremos começar aqui também uma melhor educação quanto ao descarte deste tipo de lixo. Em Teresina, por exemplo, não existe um tratamento adequado para as baterias de celulares, muitas delas vão para os lixões, contaminando ainda mais o nosso solo?, explica Leandro Sousa.
Para o ambientalista Kaio Campelo, esta ainda é uma questão que não tem recebido muita atenção, mas que deve ser levada em conta, pelas perdas que pode causar. ?É uma grande perda e impacto bastante negativo para o meio ambiente, além de ser um grande prejuízo econômico. A problemática ambiental é de competência maior do governo, merece maior atenção?, comenta.