Jo?o Vitor Borges, de 5 anos, que sobreviveu ap?s ser arrastado por oito quarteir?es por um micro?nibus nesta ter?a-feira (3), em S?o Jos? do Rio Preto (a 440 km de S?o Paulo), disse para a m?dica que o atendeu no posto de sa?de que tinha medo de morrer porque se lembrava do que ocorreu com o garoto Jo?o H?lio, de 6 anos, que morreu ap?s ser arrastado por sete quil?metros no Rio de Janeiro. ?Ele lembrava do caso, falava que n?o queria morrer e que viu o que aconteceu com o menino na televis?o?, disse a m?e Romualda Borges, de 39 anos.
M?e de seis filhos com idades entre 5 e 18 anos, a dona de casa conta que todos os dias aguarda a chegada do menino na esquina de casa, por volta das 12h20. Nesta ter?a-feira, ela pediu para que um filho de 14 anos buscasse o irm?o que voltava da aula em uma escola municipal. ?Mas, quando ele ouviu o barulho da van e foi buscar o irm?o, j? viu ele sendo arrastado?, conta.
Romualda disse que o filho ?nasceu novamente? por causa da dist?ncia em que foi puxado preso ao carro. Ela diz que o filho foi salvo gra?as aos moradores que estavam na rua e que gritaram para avisar o motorista. O garoto foi colocado novamente dentro do micro?nibus com ajuda de moradores e entregue para a m?e, que j? tinha sido avisada sobre o acidente. No ve?culo, al?m do motorista, estava uma ajudante. ?A perua voltou, a monitora estava chorando, disse que n?o tinha culpa e me entregou ele s? com a blusa, machucado?, comenta a m?e.
Durante o tempo em que foi arrastado, a cal?a e o t?nis de Jo?o Vitor foram arrancados no atrito com o ch?o. Segundo a fam?lia, as escoria?es foram mais graves nas n?degas, nas pernas e nos p?s. ?A cal?a sumiu, n?o sei onde foi parar.? A m?e conta que a ajudante do motorista se ofereceu para, depois das 13h, voltar para levar o garoto ao posto. Entretanto, ela n?o esperou que o micro?nibus terminasse de transportar as crian?as para depois prestar socorro e levou o filho com a ajuda de um vizinho. ?Ele (o motorista) teria que levar a unidade m?dica mais pr?xima. Ele n?o soube o que fazer?, disse o pai Pedro Luz Pereira, 41 anos, que ? pedreiro..
Ap?s receber os curativos e rem?dios para dor, o garoto ficou uma hora e meia em observa??o no posto de sa?de. Nesta quarta-feira (4) ele ser? novamente avaliado pela m?dica e far? troca das bandagens.
Inqu?rito
De acordo com o delegado Ayrton Augusto Camargo J?nior, o motorista do micro?nibus foi ouvido durante a tarde e liberado. O delegado afirma que vai instaurar inqu?rito por "les?o corporal na condu??o de ve?culo automotor". No depoimento, o motorista afirmou que n?o teve como evitar o acidente, pois n?o percebeu que a roupa do garoto ficou presa ao ve?culo.
"A princ?pio, ele agiu com culpa, porque o Denatran estabelece normas para quem conduz ?nibus escolar. Ele n?o tinha certificado de curso ou permiss?o para transporte escolar", afirmou. ?De qualquer forma, quem conduz crian?as precisa ter cuidado. Ela teria que ser deixada na porta da casa e o motorista se certificar de que ela estava em local seguro.?
Pego durante manobra
Segundo os pais de Jo?o, o motorista que regularmente conduz o micro?nibus est? em viagem ao Rio de Janeiro. Eles disseram n?o conhecer o homem que dirigia o carro. "Se fosse a pessoa que est? acostumada a fazer este trajeto, n?o teria ocorrido isso", disse o pai. A irm? do menino, Luana Borges Pereira, de 18 anos, conta que o agasalho de frio do garoto ficou preso no engate do ?nibus enquanto o micro?nibus manobrava para continuar o percurso.
Ela explicou que a fam?lia mora em uma rua sem sa?da e que o menino normalmente desce na esquina. "Meu irm?o contou que desceu da van, na hora em que foi virar para seguir em frente, a van deu r? e pegou na blusinha dele", conta a irm?. O G1 tentou localizar o motorista da van, mas n?o obteve resposta.