Mesmo com poucas chances de se curar, paciente com câncer decide se casar no hospital

No último sábado (6), a equipe médica os ajudou a oficializarem a união no hospital

Casamento | Reprodução
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Diagnosticado com câncer testicular, o montador de móveis Aislan Pereira da Silva foi encaminhado ao Hospital do Câncer de Barretos em setembro de 2013. A doença evoluiu para metástase e afetou diversos órgãos.

Mesmo sem chance de cura, ele decidiu se casar com Gislaine Santhes, 37, que conheceu durante o tratamento. No último sábado (6), a equipe médica os ajudou a oficializarem a união no hospital.

Depoimento

Quando descobri que estava com câncer, no ano passado, meu mundo desabou. Eu não sabia direito o que era a doença e achava que não poderia fazer mais nada.

Foi tudo o que pensei durante dois meses, até conhecer a Gislaine, minha mulher.

Tinha chegado de São Paulo para me tratar em Barretos [a 423 km da capital]. Como eu não tinha nenhum parente na cidade, me acomodaram em uma casa de apoio. Gislaine trabalhava lá, como recepcionista.

Quando nos conhecemos, eu já estava careca e fraco, por causa da quimioterapia.

Nós ficamos amigos, ela era atenciosa e nós conversávamos muito. Ela também é de São Paulo e, como eu, sentia muita falta da cidade.

Nossos gostos são os mesmos: dançar, ir ao shopping. De cara, eu me apaixonei por ela, mas achava que não tinha a mínima chance.

Um mês depois, eu passei mal e desmaiei na casa de apoio. Acordei com ela me chamando de amor e pedindo para que eu acordasse.

Depois que me recuperei, ela contou que estava apaixonada por mim. Cheguei a achar que era brincadeira.

Quem iria se apaixonar por mim naquela situação?

União

Começamos a namorar. Ela adorava o trabalho na casa de apoio, mas teve que pedir demissão, porque não permitiam que funcionários tivessem relação com pacientes. Foi trabalhar em uma lotérica aqui da cidade. Para que pudéssemos ficar juntos, ela abriu mão do emprego. Quer prova de amor maior?

Gislaine me trouxe a vida de volta, me mostrou que era preciso batalhar, que o câncer é só uma parte da minha vida. Que eu precisava lutar.

Com ela, consegui ver que há pessoas em situação muito pior que a minha e, mesmo assim, continuam sorrindo. Por que eu não estaria agradecido de estar vivo?

Tentativa

A minha maior vontade sempre foi casar e ter a minha própria família e, por isso, a pedi em casamento. Só que, todas as vezes em que marcávamos a cerimônia, eu ficava ainda mais doente.

Marcamos quatro vezes a data da cerimônia. A última seria na sexta-feira (5), mas eu voltei a piorar e fui internado na UTI [Unidade de Tratamento Intensivo].

A equipe do hospital acompanhou toda a nossa história e decidiu que iria nos ajudar a casar, ali mesmo, no hospital. Foi assim que nos casamos no sábado (6), com registro em cartório e tudo.

Alugamos uma casa em Barretos. Rezo todo dia para sair logo do hospital e ter minha vidinha ao lado dela.

Os médicos já me disseram que não tem nenhum tratamento que possa me curar. Eu sei que a minha situação é difícil, mas eu tenho fé.

Se Deus permitiu que eu realizasse meu grande sonho, que era me casar, por que ele não deixaria que eu e Gislaine vivêssemos juntos?

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