Acostumado a ir e vir das prisões, onde fez fama por seu trabalho de evangelização com os presos, o pastor Marcos Pereira da Silva adaptou essa rotina desde que foi levado para o presídio Bangu 2, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Acusado de praticar dois estupros (outras quatro denúncias ainda estão sendo investigadas), ele não pode sair da cadeia, mas mantém seu ritual de pregações.
? Ele não tem feito culto (está proibido). No pátio, faz uma oração a pedido dos próprios presos. O pastou já orou para o filho de um detento que está desaparecido e também converteu um rapaz que estava com uma dor muito forte, uma íngua (excesso de líquido num gânglio) na cintura. O pastor orou e a dor passou, e ele se converteu na hora. O rapaz chorou muito ? contou o advogado do pastor, Marcelo Patrício.
O jurista declarou ainda que seu cliente tem o apoio dos outros colegas de prisão.
? O pastor me disse que os presos o estão apoiando.
Enquanto aguarda julgamento de um novo pedido de habeas corpus, o líder da Assembleia de Deus dos Últimos Dias está confiante.
? Ele me diz: "Doutor, eu estou tranquilo, acredito na justiça de Deus.
Deve haver algum propósito de eu estar aqui, mas, a partir do momento em que Deus deixou Pedro ser preso, Paulo ser preso e Jesus ser crucificado, acredito que tenha uma missão aqui"? diz o advogado.
Questionada sobre a rotina do pastor, a Secretaria estadual de Administração Penitenciária informou que é a mesma de qualquer outro preso do sistema.
Segundo a polícia, o pastor Marcos abusava de mulheres em seu gabinete na igreja, em casas de fiéis e em seu apartamento, na Avenida Atlântica, na praia de Copacabana, avaliado em R$ 8 milhões. A investigação foi da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Foram ouvidas 30 testemunhas em um ano e, no total, outras 20 mulheres são citadas como vítimas do religioso.