Mesmo quarentão, Volks Passat exibe boa forma na cidade; veja

O tempo passou depressa e hoje o Passat já é um cara maduro de 38 anos que inspira sobriedade por todos os ângulos

Volkswagen Passat está à venda a partir de R$ 106.700 | Divulgação
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O tempo passou depressa e hoje o Passat já é um cara maduro de 38 anos que inspira sobriedade por todos os ângulos. E como acumulou sabedoria e cordialidade esse sedã. Até move o volante sozinho para você na hora de estacionar, entre outras gentilezas, como iluminar o chão quando as portas são destravadas e ligar o limpador de para-brisa ao notar os primeiros pingos de chuva. Além disso, também mostrou que está em plena forma na pista de testes com um desempenho de atleta. Durante uma semana rodando tanto na cidade quanto na estrada, o carro deixou claro que chegou ao auge do seu ciclo de vida.

Ser parecido com o irmão menor Jetta talvez seja um dos únicos pecados do novo Passat que chega às lojas a partir de R$ 106.700. Mas basta olhar com mais atenção aos detalhes para perceber que também há traços do imponente Phaeton para ajudar a conferir um ar mais sofisticado, principalmente na traseira. É bater o olho e notar as semelhanças: lanternas alongadas com leds e um discreto filete para a luz de ré, tampa do porta-malas de estilo conservador e uma larga coluna que sustenta uma silhueta aproxima a de um cupê. Tudo indica que o Passat vai herdar a posição de sedã mais sofisticado da marca.

Pelo menos por fora, o quase ?quarentão? da Volkswagen não faria feio. Por dentro, faltaria um pouco mais de pompa para herdar o trono. Mesmo assim, não há do que reclamar. Cuidados como a opção de couro perfurado nos bancos, alumínio no painel e uma boa dose de itens sofisticados compõem o ambiente requintado. O que pode destoar um pouco é o volante, o mesmo usado nas versões mais equipadas de modelos mais simples, inclusive nacionais, como Gol, Fox e Voyage. Outro ponto que pode não agradar muito aos mais exigentes é que os instrumentos quase não mudaram em relação à geração anterior. O entreeixos também é praticamente o mesmo (2.712 do atual ante 2.709 do anterior), o que significa que o padrão vai continuar a se sentir confortável no banco traseiro enquanto lê o jornal.

Voltando para casa, no meio da garoa paulistana, custou um pouco para me entender com temporizador regulável do limpador de para-brisa. Quando está no automático, dispara com o vidro quase seco e deixa tudo molhado quando precisaria trabalhar mais. Fora esse pequeno contratempo, no resto do percurso, o carro conseguiu até me animar depois de mais de uma hora no trânsito. Acelere e sinta a harmonia perfeita entre motor, câmbio e tração. O quatro cilindros, de dois litros de cilindrada, é o mesmo que equipa o Golf GTi na Europa. Rende 211 cavalos e 28,5 kgfm de torque a meros 1.700 rpm. São números para a genial caixa DSG (Direct Sequencial Gearbox) selecionar marchas mais longas para economizar combustível, mas sem deixar a agilidade de lado. Se quiser mais desempenho, pode escolher pelo modo esportivo, esticando as trocas, ou assumindo o controle pelas hastes atrás do volante.

Quem compra um Passat gosta de dirigir, mas não quer ser dublê de Sebastian Vettel. Porém, pode (e deve) aproveitar o bom conjunto do sedã. A rigidez torcional conseguida com o uso de aço e alta resistência ajuda no trabalho da suspensão traseira multilink, grudando o carro no asfalto ao contornar curvas. Como aliado, há também o diferencial eletrônico XDS, que não deixa as rodas girarem em falso, bem como o controle de estabilidade (ESP). Como um cavalheiro, mesmo provocado, o Passat se mantém neutro mesmo em trechos sinuosos. Na pista, toda essa boa disposição foi traduzida em números pelas medições do Instituto Mauá de Tecnologia. Com uma relação peso/potência de 7 kg/cv (perfeita para um carro de tração dianteira), o Passat vai de 0 a 100 km/h em apenas 6,8 segundos, deixando o lendário Civic Si (7,7 segundos) comendo poeira.

Nas retomadas, então, o sedã deu um show à parte. De 60 a 120 km/h, precisou de apenas 6,43 segundos, marca que ficaria em segundo lugar no ranking de testes do Carsale, atrás penas do supesportivo Audi R8 (5,63 segundos). Na prática, numa pisada no acelerador, depois de ouvir um discreto ronco grave saindo pelo escapamento, suas costas grudam no encosto do banco e seus reflexos são colocados à prova. É fôlego para ultrapassagens seguras, sem sustos, alegrando as viagens no fim de semana. Alías, se for pegar a estrada, terá mais dois recursos à disposição. Um deles é o controle de velocidade de cruzeiro (?piloto automático?) com radar, capaz de manter uma distância constante do carro da frente. Outro é o detector de sonolência, que alerta o motorista que ousar a adormecer ao volante.

Confesso que não testei esse dispositivo, chamado de ?detector de fadiga? pela Volkswagen. Mas pelo alto nível de maturidade que atingiu o Passat não teria dúvida de que tudo funcionaria bem. Uma mensagem visual apareceria no painel recomendando que parasse para descansar. Se não aceitasse a sugestão, dentro de 15 minutos, o aviso se repetiria, sem alarde, com a intenção de proteger os ocupantes, mantendo a compostura. É, quem não gostaria de beirar os 40 tão sereno e em plena forma?

Veredicto

Acumular décadas de aperfeiçoamentos fez bem ao sedã da Volkswagen. Hoje, o carro tem muitas qualidades e poucos defeitos. Ágil, seguro e confortável, consegue atender bem ao seu público, na maioria das vezes executivos bem sucedidos. A semelhança com o Jetta e os preços dos opcionais estão entre os únicos pontos que dificultam a vida do modelo da marca alemã. Para quem procura um sedã mais discreto que a grande maioria dos integrantes do segmento, o quase "quarentão" cai como uma luva. Veja galeria de fotos abaixo.

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