Metas de final de ano ou gatilhos emocionais?

Trata-se de um momento em que se mostra o desejo de querer mudar certas coisas, hábitos e situações que podem incomodar.

É sempre importante elaborar uma boa lista de metas | Getty images
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O réveillon é um período aguardado por muita gente. Confraternizações, decoração natalina e o encontro com pessoas queridas fazem parte desta época, que é marcada por um período de reflexão e renovação. Para a maioria é um período de alegrias, mas muitas pessoas enfrentam gatilhos emocionais em alusão à data. O ideal é buscar equilíbrio.

É o que explica Luisa Brandim, psicóloga clínica. Ela conta que, para algumas pessoas, o final do ano é um momento difícil por uma situação tradicional: estar com aqueles que amamos. "Isso mexe com as perdas que tivemos na família, com os amigos. Daí já vem alguns gatilhos fortes. Também temos questões de que 'não foi um bom ano para mim", revela. Luisa defende que é preciso mudar a percepção.

Luisa Brandim diz que o final do ano é um momento difícil- Divulgação

"Enxergar possibilidades melhores é um processo interno de se entender. O cuidado com a saúde mental é conectado com a ideia de renovação. Dentro do processo de cuidado, mudanças positivas são o principal impacto", avalia.

O réveillon mostra que queremos mudar coisas, hábitos e situações que podem incomodar. "Então é algo que precisa ser encarado de forma positiva", acrescenta a psicóloga clínica.No entanto, mudanças efetivas necessitam de um certo esforço. 

"Desenvolver hábitos saudáveis, fazer exercícios, começar terapia, alimentação melhor. São várias questões que ajudam nesse processo. A mudança vem com o que é colocado em prática no cotidiano", pondera Brandim.

É sempre bom um balanço interpessoal

Para a psicóloga clínica Maria Joceirla Barbosa, o fim de ano se aproxima e com ele aspectos relacionados a um verdadeiro balanço interpessoal. "Refletir sobre os acontecimentos, o que foi conquistado, o que poderia melhorar, dentre outros possíveis desempenhos. Nesse fechamento de ciclo é bem comum esse balanço", explica.Promover uma visão equilibrada ajuda a não ter cobranças indevidas. 

"Focar apenas na sua trajetória evitando comparar com outras pessoas também é válido para não criar frustração desnecessária. Réveillon é um ritual de passagem onde traz consigo um simbolismo de transformação, uma fase de mudança, reflexões, um momento de pausa, é quando se busca uma análise de como foi sua vida durante aquele período de ano", avalia a psicóloga.

Maria Joceirla lembra que fim de ano traz um balanço interpessoal -Divulgação

Critérios

Joceirla defende que é preciso analisar com cuidados os critérios em relação a melhorias na qualidade de vida. "Sem tantas exigências e autocobranças. Respeitando e compreendendo a si próprio. Até o momento em que esse planejamento não se torne algo desgastante e acabe trazendo prejuízos na sua vida pessoal e profissional", considera. 

Metas de final de ano para dar motivação

As chamadas metas de final de ano são tradições que percorrem gerações e gerações. Emagrecer tantos quilos, trocar de carro, fazer uma viagem internacional ou mesmo comprar um apartamento são alguns dos sonhos clássicos. As metas são interessantes se realmente forem motivacionais. 

O réveillon mostra o encerramento de um ciclo - Getty images

"Isso precisa ser avaliado. Como você se sente traçando essas metas? Será que isso não causa angústia? Muitas vezes colocam metas que ficam no fundo da gaveta. É preciso autoconhecimento para isso", aponta Luisa Brandim.

O réveillon mostra o encerramento de um ciclo. É algo novo que começa. De acordo com Luisa, para quem tem essa crença, é interessante fazer uma reflexão. "Como foi o ano de 2022? Estou me sentindo bem com o que vivi, aprendi e minhas relações? A autoavaliação do ano pode trazer uma ideia de transformação também. Assim é possível definir o que fica em 2023 e o que precisa mudar", considera a psicóloga.

Metas alcançáveis não geram frustrações

As metas de final de ano podem ter um efeito positivo, mas também podem trazer gatilhos. O problema é colocar um sonho muito alto em um pedestal que não provoque realizações, mas sim o sentimento de frustração.

O cérebro humano gosta de "terminar" tarefas. A conclusão é algo positivo para a saúde mental, inclusive quando você realiza um sonho. Mas ao traçar uma meta que não é alcançada, o sentimento de fracasso pode ser um revés para a tranquilidade de alguém, que pode se sentir incapaz.

É necessário impor limites as metas - reprodução

Dentro da realidade

De acordo com a psicóloga clínica Denisdéia Sotero, é necessário impor limites às metas. "Abraçar o mundo com as pernas não traz felicidade", assegura. "É preciso traçar metas dentro da realidade. Emagrecer? Sim, mas com saúde, acompanhamento e responsabilidade. Se for comprar algum bem, tenha planejamento financeiro", recomenda.

O importante é não gerar frustrações e ansiedade desnecessária. 

"Conquistar algo promove uma sensação muito boa. Mas alimentar uma expectativa infrutífera tem o efeito contrário. Não cumprir uma meta pode levar a um quadro negativo para a saúde mental", considera.

Denisdéia Sotero ressalta que é necessário impor limites às metas - Divulgação

Boa lista

A psicóloga dá dicas de como elaborar uma boa lista de metas. "Escolha o que você mais quer e divida esse sonho em pedaços. Por exemplo, se você quer comprar um carro, coloque uma meta de economia para todos os meses. Se quer emagrecer, coloque na lista a busca por profissionais ou uma sequência de ações que lhe levem ao objetivo. Nunca coloque o final como meta se tiver obstáculos no caminho. A superação, em qualquer nível, é positiva para a saúde mental", aponta.

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