A MMX Mineração, empresa do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, é acusada pela mineradora Emicon, de Minas Gerais, de causar danos ambientais em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte.
De acordo com a Emicon, os danos poderiam prejudicar o abastecimento de água na capital mineira.
A MMX afirma que as denúncias "causam perplexidade", pois os problemas ambientais na região são de "inteira e exclusiva" responsabilidade da Emicon, que explorou minério de ferro no local antes da mineradora de Eike Batista.
A Emicon foi proibida de explorar a área por conta de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) assinado em 2007 com o Ministério Público do Estado, que moveu uma ação contra a empresa por danos ambientais.
A Emicon também foi obrigada a pagar quase R$ 7 milhões de indenização pelos danos e tem de manter outros R$ 21 milhões depositados como garantia de que o prejuízo será reparado.
O TAC previu ainda que a MMX --que havia adquirido 10 milhões de toneladas de finos de minério da Emicon-- deveria fazer reparos ambientais na área. Os finos são rejeitos que ganham valor econômico após beneficiamento. Para a retirada desse material, a MMX opera na área da Emicon desde 2008.
A MMX tem também o direito de usar uma "barragem de rejeito", onde são lançados os resíduos da operação.
SEM CUIDADOS
Segundo a Emicon, a MMX está retirando o material sem os cuidados ambientais adequados, o que estaria causando o assoreamento de rios e córregos. As barragens também estão acima do nível seguro, conforme a empresa.
A MMX nega e diz que "são feitas inspeções periódicas em estrita consonância com a legislação específica".
O Sisema (Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) de Minas Gerais afirmou que está vistoriando a área e que não foram encontrados indícios de contaminação no reservatório Rio Manso, responsável por parte do abastecimento de água da capital.
O órgão afirmou ainda que as barragens foram auditadas e estão estáveis.
YOUTUBE
Quatro vídeos postados no YouTube anunciam que "a maior catástrofe ambiental da década está para ocorrer na região da Serra Azul, em Minas Gerais".
Os vídeos --que são apócrifos, mas têm teor idêntico a filmes enviados à Redação da Folha pela empresa Emicon-- fazem acusações diretas à MMX e a Eike Batista.
Segundo o narrador, "não será surpresa se, com uma chuva forte, as manchetes internacionais em breve forem "Eike Batista deixa 2 milhões de habitantes sem água na Grande BH", ou "O maior desastre ambiental da década é realizado por Eike".
A MMX pediu que a Justiça mineira determinasse que o Google --que administra o site-- retirasse os vídeos do ar.
Uma liminar foi concedida, mas os filmes continuam sendo veiculados.
A empresa de Eike Batista afirmou ainda que tomará todas as medidas judiciais cabíveis, "inclusive de caráter criminal", contra os responsáveis pela produção dos vídeos.