Amigos e parentes se reuniram, nesta terça-feira (25), para lembrar o sétimo dia da morte de Kátia Maria, uma aposentada de 59 anos que morreu levando um segredo: um código que o médium Chico Xavier confiou a três pessoas de Uberaba, no Triângulo Mineiro. "O que ele deixou foi segredo. E ela levou consigo", disse a irmã de Kátia, a dona de casa Josélia de Faria Alberto.
Em setembro deste ano, Kátia Maria fez duas cirurgias na mesma semana. A primeira foi para retirar 304 pedras pequenas da vesícula e três grandes. A segunda foi para tratar uma diverticulite. Ela se recuperou, abriu uma lanchonete e estava trabalhando feliz, mas depois teve anemia, ficou fraca e o quadro da doença se agravou. Kátia não resistiu e morreu na última terça-feira (18), às 7h30.
O tal código garantiria a autenticidade de uma carta ou outro tipo de manifestação que o médium mandaria do plano espiritual. Kátia era vizinha e amiga de Chico Xavier e o líder espírita morreu nos braços dela. Um momento marcante que a aposentada sempre fazia questão de relembrar. "Não me apavorei. Com certeza ele já estava me preparando para isso, pois fiquei calma e tranquila", contou ela na época da morte do médium, em 2002.
O código secreto foi criado em 1994, oito anos antes da morte de Chico Xavier. Apesar da senha, segundo os amigos, Chico dizia que quando morresse ainda passaria um bom tempo sem se manifestar. Iria aposentar o lápis e o papel. Nos últimos dez anos, várias mensagens supostamente enviadas pelo médium surgiram, mas nenhuma seria verdadeira.
Quem também guarda este mistério é o filho adotivo do médium, Eurípedes Higino Reis. Ele contou que a senha é única e que a morte de Kátia não compromete o código. Higino garantiu que também irá levar o segredo para o túmulo. "Amigo a gente não trai. Amigo a gente guarda no coração. E como é muito difícil ter amigos nos nossos dias, imagine um amigo diferente como o Chico Xavier. Tenho certeza de que nenhum dos três trairia a lealdade que ele teve conosco. E tenho ainda mais certeza de que ele tem essa lealdade do lado de lá, nos olhando sempre", ressaltou Eurípedes.
Além da amiga e do filho, o médico Eurípedes Tahan é o terceiro personagem dessa história. Ele também foi um dos escolhidos para guardar o segredo. "Alguns meses antes dele partir ele nos deu uma maneira de podermos identificar alguma palavra que ele viesse a nos trazer. Tudo o que já foi feito está aqui. Se ele não se manifestar é porque não há necessidade", explicou o médico.
Enquanto Chico não se comunica, seguidores buscam conforto no mausoléu onde o corpo dele está enterrado, em Uberaba. Eles esperam pacientes e esperançosos o dia no qual Chico Xavier vai se manifestar. Para muitos, isso independe de qualquer código. "O código maior do Chico Xavier é o trabalho feito pelo bem. O bem bem feito", afirmou a voluntária Neuza Assis.
Já o farmacêutico Glênio Felipe, também demonstrou serenidade em relação ao assunto. "Se de repente eles se forem e o segredo não for revelado é porque não era para ser. O Chico sabe o que está fazendo", disse.
Eurípedes Higino explicou o porque da certeza de que o médium ainda não tenha se manifestado de forma escrita, como muitos acreditam. "Acredito, como ele nos dizia, que tudo o que ele tivesse de escrever estava escrito. Ele está se manifestando e continuará se manifestando de várias maneiras. Pessoas nos contam que sonharam com ele, que viram ele, sentiram a presença dele. O que ele comentava era com a psicografia, com a escrita, a manifestação não iria acontecer", revelou o filho adotivo do médium.