Quem conhece o sertão do Piauí sabe as dificuldades de acesso a um atendimento médico de qualidade. Levando em consideração este empecilho, um grupo de profissionais da saúde desenvolveu o Projeto Médico Piauí, durante o mês de novembro, disponibilizando um atendimento humanizado a moradores de comunidades carentes. Mais de dois mil atendimentos foram realizados.
A ação envolveu 23 voluntários, entre equipes médica e logística, além do grupo de apoio local. Os atendimentos foram realizados por dentista, fisioterapeuta, psicólogo, oftalmologista, ginecologista, clínico geral, pediatra, especialista em saúde pública e outros profissionais. “Essa expedição começou em 2014. Fui convidada para coordenar a Primeira Semana Médica da VV [Volunteer Vacations] e aceitei, assumindo o desafio. Porque todos os anos eu participava como voluntária em outros projetos, mas eu ia como médica, e não como organizadora”, conta a médica Karina Oliani.
Em um primeiro momento, pensou-se em realizar a ação em outros país. No entanto, as necessidades em solo brasileiro falaram mais alto. “Pensamos na Índia, depois outros países da África, mas queriam que fosse no Brasil. Então como já tínhamos uma experiência no sertão do Piauí, e sabendo da carência e necessidade da região, optamos por desenvolver o projeto no Estado”, afirma Oliani.
Foram realizados atendimentos nas cidades de Acauã, Betânia e Paulistana. “Após decidirmos o lugar, fiz uma visita preliminar, visitando todas as comunidades e identificando aonde o acesso à saúde era mais difícil. A dificuldade maior de acesso é a especialidades médicas. Nessa viagem precursora, nós contamos com os missionários da região. A partir daí organizamos toda a logística. Durante a organização sentimos a necessidade de levar, também, um psicólogo, porque os índices de depressão e suicídio naquela região são enormes”, considera Karina Oliani.
E o escolhido para integrar o time foi o psicólogo Carlos Henrique Aragão, que inclui o projeto Mais Vida do Sistema Meio Norte de Comunicação. “Sempre quis participar de missões humanitárias, atendimento em emergências, participar de times como esse, voltado para o alívio do sofrimento humano. Em função das circunstâncias, nunca participei. Assim que recebi o convite, para trabalhar prevenção e posvenção do suicídio, não tive qualquer dúvida e aceitei com prazer. Iniciar meu percurso nessas missões aqui na minha terra, no sertão do Piauí, tem um valor simbólico importante”, diz.
Pacientes receberam óculos montado na hora
O diferencial da missão médica foi de grande importância para o antedimento de pessoas com dificuldade de locomoção. Esses pacientes foram identificados com antecedência e receberam as equipes em casa.
Além de consultas, os piauienses tiveram acesso a exames, cirurgias, e receberam a medicação prescrita para os tratamentos. Pessoas com baixa visão voltaram para casa com o óculos indicado, montado na hora. Foram entregues 650 óculos feitos com material reciclado.