Após esperar por 20 anos que a prefeitura de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, construísse uma ponte ligando dois bairros, moradores se mobilizaram e conseguiram resolver o problema em um mês.
Em regime de mutirão, reuniram mais de 100 pessoas para construir a ponte de 24 metros, com concreto e ferro, que ficou pronta no último dia 4. O grupo também ficou responsável por arrecadar todo o material usado na construção, a estimativa é de que a obra tenha custado R$ 5.000. A prefeitura da cidade informou que havia orçado a ponte em R$ 270 mil.
A iniciativa partiu das donas de casa Juracy da Conceição e Manoelina dos Santos. Elas contam que só de um lado da ponte há posto de saúde para atendimento médico e retirada de remédios. E, sem a obra, era necessário dar uma volta de quase dois quilômetros para chegar de um bairro a outro.
"Eu moro neste bairro há 49 anos. Sempre tivemos que improvisar com pedaços de madeira para atravessar o riacho. O problema é que ficava muito frágil e perigoso", lembra Manoelina, 72. "Quando a chuva vinha, destruía tudo, porque o nível da água subia muito. Não dava nem para visitar os amigos ou ir à igreja, que também fica do outro lado."
Demorou um mês para que a ponte, de três pilares, ficasse completamente pronta porque o trabalho dos moradores acontecia apenas aos sábados e domingos. Ou seja, foram necessários na realidade oito dias de trabalho para que a ponte fosse construída.
"Fizemos a ponte com três pilares, com três metros de profundidade cada um. É toda de concreto e ferro, bem segura. Desde 2014, a prefeitura só nos dizia que não tinha como fazer a obra, porque não tinha verba, faltava dinheiro, o país estava em crise", afirma Soares. "E nós conseguimos deixar tudo pronto em apenas um mês. Brincadeira, né?", disse um morador.
Variação do rio
Em nota, a Prefeitura explicou que a ponte ser construída pelos moradores é "uma iniciativa válida". Mas, "como foi feita sem o aval da prefeitura, não tem como garantir que houve um projeto elaborado com um cálculo estrutural eficiente, prevendo, por exemplo, a variação do nível do rio, a incidência de arraste de objetos pela correnteza e especificação de materiais condizentes com o projeto. Também não foram observadas normas para a acessibilidade".