O Residencial Novo Tempo, localizado às margens da BR-316, na saída que liga Timon a Caxias é considerado o maior conjunto habitacional do município, com casas para abrigar 2 mil famílias. No entanto, já concentra uma série de reclamações da população.
Apesar de ocupação recente, de janeiro deste ano, serviços básicos como saúde e educação ainda não chegaram à comunidade. A qualidade da água também é uma reclamação. É salobra e as pessoas precisam atravessar a BR-316 para conseguir água potável em um poço no posto de combustível na rodovia.
Edileusa Nogueira reside no local desde fevereiro deste ano e afirma que em todo esse tempo a população enfrenta o problema. A família precisa diariamente encher seis garrafas pet com água no posto da BR 316 para atender as necessidades diárias. ?A água é limpa, mas é salobra. A gente até faz a comida, toma banho com ela, mas para beber não dá. O cabelo da gente chega a cair. Quando a gente ferve a água, a vasilha fica preta?, conta.
A distância não é grande até o posto, mas atravessar a via movimentada pode trazer riscos. A aposentada Maria de Sousa, de 66 anos é quem vai pegar a água no posto. Assim como ela, várias outras pessoas também idosas precisam correr o risco. ?Pegamos a água do posto de graça, mas por enquanto o dono está aceitando. E quando ele não deixar mais? Não sabemos como fazer?, explica Edileusa, filha de Maria de Sousa.
Ângela de Médici tem 4 netos e uma filha em idade escolar e afirma que todas elas estudam. Apesar do transporte escolar realizar o translado das crianças, ela admite que seria melhor se estudassem mais próximo de casa. ?Se tivesse colégio e creche aqui seria melhor, mais seguro?, comenta Ângela, acrescentando que as casas são boas, não importa a distância, mas algumas coisas são essenciais para a moradia.
Apesar dos problemas, a comunidade tem suas vantagens. Todas as ruas estão asfaltadas, não há falhas no abastecimento de água e o fornecimento de energia e coleta de lixo são regulares. Pelo menos é o que conta a população. ?Aqui à noite é muito tranquilo. Polícia anda direto aqui, então temos uma certa segurança. Só é ruim porque ainda não tem muita coisa. Mas daqui a um tempo isso vai crescer. É só questão de tempo?, pondera a aposentada Maria de Sousa.
Secretário garante que vai resolver problemas
O secretário de Infraestrutura de Timon, Delfino Guimarães garantiu que até o final do ano todos os problemas com relação à in-fraestrutura do conjunto deverão ser resolvidos. As obras para construção do posto de saúde e a creche já estão em processo de licitação assim como a possibilidade de expansão das linhas de ônibus para atender a comunidade.
?O posto de saúde já está sendo licitado. Em até 120 dias deve estar pronto. Quanto à escola, a construtora que construiu o conjunto, fez um galpão e doou o espaço?, afirma. Segundo o secretário, a construção da escola também está em processo de licitação. O posto da comunidade deverá ficar localizado no centro do conjunto, entre as Ruas 1,2, 3 e 4.
?Tem um terreno de 3 hectares, espaço que também será construído um campo de futebol e uma praça?, completa Guimarães.
Com relação às linhas de ônibus, Guimarães explica que apenas existem vans. ?A Secretaria de Transportes está em processo de conversação com a empresa de ônibus, já trabalhando para resolver essa questão. Tudo deve ser concluído até o final deste ano, com certeza?, pontua.
População reclama de falta de apoio médico
A ausência de escolas e a má qualidade da água são apenas algumas reclamações da população. Mas, sem dúvida, é a falta de posto médico que tem causado maior insatisfação dos moradores do Conjunto Novo Tempo.
Edileusa Nogueira afirma que essa é a principal deficiência do novo conjunto e até alerta para a necessidade. ?Aqui tem muitas crianças, idosos e pessoas com deficiência, precisa de um posto médico imediatamente. Minha mãe adoeceu na semana passada e eu levei na UPA de Timon, mas lá eles disseram que só era uma gripe e pediram pra procurar os agentes de saúde do bairro. Mas aqui não tem. Eles não vêm até aqui?, conta.
Joana Ferreira sofreu na pele o que é não ter assistência médica no seu bairro. Na última semana, o filho faleceu após chegar no hospital. Segundo ela, a dificuldade para conseguir chamar o SAMU, pode ter sido um dos motivos para a morte do filho.
?Meu filho teve que ir até o SAMU para chamar a ambulância porque telefone não pega aqui. Ele estava com 40 graus de febre, não urinava mais, estava com a barriga grande. Nesses dez dias eu ando nervosa, estou pra morrer porque ainda estou nervosa com a morte dele. Aqui se a pessoa ficar doente é capaz de morrer porque nem sempre consegue ligar para pedir ajuda médica?, comenta.
No local, apesar de terem alguns pontos comerciais, não existem farmácias. A mais próxima fica na saída de Timon, a 5km de distância do conjunto.