Além de tratar de doenças, médicos da UBS (Unidade Básica de Saúde) de Jardim Três Corações, em São Paulo, tem enfrentado uma doença que a cada dia acomete maior número de pessoas: a fome.
A média da UBS Jardim Campinas, Daniela Silvestre, conta a experiência de umatendimento feito a mulher grávida, que encontrou em seu consultório, cambaleante, magra e debilitada e a primeira resposta à pergunta da médica era se ela tinha alguma coisa para comer. Há dois dias, a grávida não comia.
O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse que os casos de pessoas que procuram unidades de saúde por causa de fome começaram a aparecer há três meses. O primeiro deles foi em Parelheiros, também na zona sul.
Relatos de profissionais de saúde são cada vez mais constantes, as pessoas estão procurando remédio para um problema social que está se tornando crônico. Uma enfermeira que trabalha na UBS de Parelheiros contou que toda semana atende crianças que pedem comida durante a consulta e relatou ainda que idosos diabéticos não conseguem controlar a glicemia porque em casa há apenas bolacha para comer.
Doações de alimentos
Para amenizar o problema, a profissional de saúde da UBS de Parelheiros disse que profissionais do postinho pedem doações e fazem vaquinhas entre si para a compra de cestas básicas. Idosos acamados e mães com filhos pequenos têm prioridade na distribuição.
Outra medida é enviar os pacientes que se queixam de fome à assistência social para tentar incluí-los em algum programa municipal, estadual ou federal. Contatos com ONGs e igrejas também estão na lista de providências.
A secretária-executiva municial de Atenção Básica, Especialidades e Vigilância em Saúde, Sandra Sabino, fez levantamento e descobriu que as situações são idênticas em quase toda a periferia de São Paulo.