A menina Ágatha Félix, de 9 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada deste sábado (21). Ela foi atingida nas costas por um tiro de fuzil, na noite de sexta-feira, na Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro. Ela estava dentro de uma Kombi no momento em que foi baleada. As informações são do Extra.
Na ocasião, a criança foi levada para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte. Na manhã deste sábado, parentes e amigos foram até o Instituto Médico Legal (IML), no Centro do Rio, para a liberação do corpo. Ainda não há informações sobre o sepultamento.
Segundo um parente que não quis se identificar, Ágatha estava com a mãe no momento em que a kombi transportava passageiros para dentro da comunidade. A família acusa uma PM como autora do tiro.
— A policial queria acertar um motociclista que estava passando próximo. Temos policiais despreparados nas ruas, e é isso que acontece — destaca o rapaz: — A mãe estava com a Ágatha no colo, mas, no momento do tiro, havia acabado de colocá-la ao seu lado.
O avô materno da criança, identificado como Ailton Félix, esteve no Getúlio Vargas e pediu explicações sobre o disparo:
— Quem tem que dar informações é quem deu o tiro nela. Matou uma inocente, uma garota inteligente, estudiosa, obediente, de futuro. Cadê o policiais que fizeram isso? A voz deles é a arma. Não é a família do governador ou do prefeito ou dos policiais que estão chorando, é a minha. Amanhã eles vão pedir desculpas, mas isso não vai trazer minha neta de volta. — exclamou o avô em tom de revolta.
A mãe de Ágatha, identificada apenas como Vanessa, teve que sair do hospital de cadeiras de rodas. Ela passou mal ao saber da notícia e teve que ser amparada por familiares e amigos.
Segundo moradores, o autor do disparo seria uma policial militar da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade, que teria suspeitado de um motociclista que passava no local. Em nota, a PM informou que a Coordenadoria de Polícia Pacificadora vai abrir um procedimento apuratório para verificar as circunstâncias do fato.
A corporação informou que equipes da UPP estavam baseadas na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua Nossa Senhora quando foram atacadas por criminosos. Os agentes revidaram, segundo a PM. Ainda de acordo com a Polícia Militar, moradores informaram à equipe que a menina havia sido baleada na localidade conhecida como Estofador. Os agentes foram ao Hospital Getúlio Vargas, onde confirmaram a entrada da vítima, ferida por arma de fogo.
Após a morte da menina, a hashtag #ACulpaÉDoWitzel se tornou um dos assuntos mais comentados do país no Twitter, na manhã deste sábado. O governador do Rio voltou a ser criticado nas redes sociais após reafirmar, nesta sexta-feira, que quem usa fuzil contra o cidadão de bem "não merece viver", defendendo o "abate" de criminosos. A declaração foi dada durante a inauguração da Operação Bangu Presente, na Zona Oeste — a primeira base do projeto na região.
Veja a nota completa da PM
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, por volta das 22h desta sexta-feira, 20/09, equipes policiais da UPP Fazendinha, que estavam baseadas na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua Nossa Senhora, foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma simultânea. Os policiais revidaram à agressão. Após o confronto, não foi encontrado feridos.
Na sequência, os policias foram informados por populares que um morador teria sido ferido na localidade conhecida como 'Estofador'. Uma equipe da UPP se deslocou até o Hospital Getúlio Vargas e confirmou a entrada de uma criança de 8 anos ferida por disparo de arma de fogo. A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) irá abrir um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias."