Estudo da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado nesta quinta-feira informa que a mortalidade infantil recuou em todo o mundo, mas que está cada vez mais concentrada nos países pobres. O levantamento disse que as mortes entre crianças menores de 5 anos caíram de 12,5 milhões em 1990 para 8,8 milhões em 2009, graças aos melhores métodos de prevenção contra a malária e a transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus da Aids.
No entanto, 99% das mortes ocorrem em países pobres. Uma das chamadas Metas de Desenvolvimento do Milênio, criadas pela ONU (Organização das Nações Unidas), prevê uma redução de dois terços na mortalidade infantil até 2015, em comparação a 1990. Para isso, seria preciso uma redução anual de 4,4%, bem superior ao resultado obtido, uma redução de 1,8% ao ano. "A taxa de declínio da mortalidade para menores de 5 anos ainda é flagrantemente insuficiente para obter a meta do milênio até 2015, particularmente na África Subsaariana e no Sul da Ásia", disse Danzhen You, do Unicef em Nova York, em um comentário publicado na revista médica "The Lancet". "É alarmante que dos 67 países com índices elevados de mortalidade --40 mortos por 1.000 nascidos vivos ou mais--, só dez estejam no rumo de atender à meta. As conclusões exigem um esforço mais concentrado para acelerar o progresso," disseram You e seus colegas.
A África Subsaariana teve metade das 8,8 milhões de mortes de crianças menores de 5 anos em 2008, e o Sul da Ásia teve 32%. Os autores notaram, no entanto, que os dados em geral refletem a mortalidade nos três a cinco anos anteriores, e que alguns avanços recentes, como os programas de vacinação, o combate à Aids e a distribuição de mosquiteiros tratados com inseticidas contra a malária, podem ainda não ter aparecido nesses números.
"Há portanto evidências para crer que a aceleração na sobrevivência infantil poderia já estar bem em andamento", escreveram os especialistas do Unicef. Eles acrescentaram que há uma urgente necessidade de que a comunidade internacional de saúde volte seus esforços para o combate à pneumonia e diarreia, que estão entre as três principais causas da mortalidade infantil. "Novas ferramentas, como vacinas contra a pneumonia pneumocócica e a diarreia rotaviral, poderiam fornecer o impulso tão necessário e ser um ponto de entrada para a revitalização de uma programação abrangente contra essas duas doenças."