Parentes de jovens, vítimas do grave acidente que deixou três mortos e 12 feridos na Rodovia Presidente Dutra, altura do Jardim América, Subúrbio do Rio, aguardavam por notícias do estado de saúde dos feridos, por volta das 10h desta sexta-feira (3), na emergência do Hospital Geral de Nova Iguaçu, o Hospital da Posse, na Baixada Fluminense.
De acordo com a mãe de um dos jovens, o motorista da van, que colidiu com um caminhão, tinha o hábito de correr. O motorista da van, Geraldo S. Guimarães, morreu no local.
"Os meninos sempre diziam que esse motorista gostava de correr muito. Estou arrasada. Pelo erro de alguém estamos nessa situação aqui", afirmou Patrícia da Silva Gadelha, de 35 anos, mãe de David Marlei Gadelha Lourenço, de 16 anos.
Segundo ela, o rapaz fraturou o maxilar e as pernas e perdeu muito sangue.
"Estava dormindo quando a mãe de um dos rapazes foi lá em casa me dar a notícia. Estou aqui com ele desde as 5h30 e só agora levaram ele para fazer a tomografia. Estava até agora no corredor do hospital perdendo sangue", afirmou Patrícia.
O passageiro Eduardo Felipe de Almeida Platana, de 18 anos, disse acreditar que o motorista dormiu ao volante.
"Eu tenho para mim que ele deve ter cochilado e, quando acordou, viu que ia bater. A van vinha voada. Depois da batida, o caminhão ainda tentou fugir, mas como a van ficou engatada, foi arrastada um pedação", afirmou.
O rapaz ressaltou que o caminhão estava em baixa velocidade quando foi atingido pela van.
"Nasci de novo. Quando levantei vi todo mundo desmaiado. Eu era o mais consciente de todos. Ajudei a tirar alguns colegas, mas alguns estavam presos nas ferragens e não teve como", disse Eduardo que teve ferimentos leves e foi liberado pouco antes das 11h do hospital.
De acordo com a mãe de outro rapaz, um grupo de cerca de 16 jovens saía diariamente da Baixada Fluminense para trabalhar no Centro do Rio. Eles trabalham como vendedores de pães. Todos os dias vão para o depósito de uma padaria, no Centro do Rio, e saem pelas ruas próximas vendendo pães.
"São todos menores de idade. Trabalham vendendo pão para padaria em esquinas ali do Centro. Entrei em desespero quando ligaram avisando. Eles saem de casa muito cedo. Só por volta das 7h e pouco fiquei sabendo para onde tinham trazido ele", disse Lídia Jordão Barbosa, de 53 anos, mãe de Paulo Luiz Barbosa da Silva, de 15, que já deixou o hospital após ter o pescoço imobilizado.
Daniela Barbosa de Oliveira, de 20 anos, sobrinha de Lucinar Maria Macedo Barbosa Apolínário, de 46 anos, morta no acidente, e irmã de Rafael Tales da Silva Miler, de 25 anos, que perdeu dois dentes e sofreu ferimentos na face, buscava informações sobre o primo Elias de Araújo Apolinário Júnior, de 16 anos. O rapaz, que é filho de Lucinar, estava na van, fretada pela padaria dos pais. Segundo os bombeiros, ele foi levado para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Subúrbio do Rio. Lucinar era mulher do dono da padaria, que tem sede em Cabuçu, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
?Recebi a notícia de manhã cedo e soube que minha tia tinha falecido. Ela era irmã gêmea da minha mãe. Agora, minha mãe está agitada, mas não sei como ela vai reagir quando a ficha cair. Elas eram muito ligadas?, disse Daniela, que acredita que a tia tenha morrido na tentativa de tentar proteger Elias no acidente.
A direção do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes informou que Vinícius de Almeida Leal deu entrada na unidade com trauma na face. Ele fez exames de tomografia computadorizada e raios-x e fará uma cirurgia ainda nesta sexta. Seu quadro é saúde estável.
Inconsolável com o acidente que matou a esposa e deixou seu filho ferido, o dono da padaria Sabor de Mel, Elias de Araújo Apolinário, 41 anos, aguardava, por volta das 15h desta sexta, a liberação do corpo de Lucinar do Instituto Médico Legal (IML).
"Era para eu estar lá no lugar dele. Meu filho estava de férias no colégio e veio ajudar a mãe no caixa. É uma dor sem tamanho, mas, se Deus me preservou, é para eu poder cuidar dele agora", afirmou o comerciante, que é pai de Elias Araújo Apolinário Júnior, 14 anos, um dos feridos no acidente.
Segundo ele, é provável que sua mulher tenha tentado proteger o filho na hora da colisão. "Ela era a melhor pessoa que conheço, trabalhadeira, guerreira e ótima mãe. Dia 1º fizemos um churrasco para comemorar o término da reforma da nossa casa. Estávamos muito felizes", lamentou Elias.
Motorista da carreta não tinha habilitação
O acidente aconteceu pouco depois das 4h, na Rodovia Presidente Dutra, na altura do Jardim América, no Subúrbio, no sentido Centro do Rio.
Segundo a Secretaria de Polícia Civil, a 39ª DP (Pavuna) instaurou procedimento para investigar as circunstâncias do acidente. O caso foi registrado como homicídio culposo e lesão corporal de trânsito. Em depoimento, o condutor da carreta, Odair José Mendonça de Jesus, que não tinha habilitação para dirigir, contou que a van teria batido na traseira do seu veículo.
A polícia aguarda resultado da perícia de local e laudos do IML. Câmeras de monitoramento instaladas na região foram solicitadas para análise. A polícia vai ouvir novamente o motorista da carreta e aguarda a recuperação das vítimas para serem ouvidas. A polícia investiga ainda se os veículos estavam legalizados.
No local, morreram Geraldo S. Guimarães, de 53 anos, motorista da van, Lucinar Maria Macedo Barbosa Apolínário, de 46 anos, e um homem ainda não identificado, segundo informação do Corpo de Bombeiros. Os feridos foram levados para os hospitais da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminsense; Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, também na Baixada; e Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte.
De acordo com o Hospital da Posse, estão internados na unidade as seguintes vítimas: Rafael Tales da Silva Miler, Luan Pereira Diniz, Kelsio da Silva de Jesus, Eduardo Felipe de Almeida Platana, Davi Marlin Gadedilha Lourenço, Tadeu Almeida dos Santos, Paulo Luiz Barbosa da Silva. Reginaldo Anselmo, Jhonni Oliveira de Souza e Marlon David Cesário Ferreira foram atendidos com ferimentos leves. Segundo os bombeiros, Elias de Araújo Apolinário Júnior foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, e Vinicius A. Leal para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes.