O promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino afirmou que se reunirá nesta sexta-feira (8) com o delegado de Investigações Gerais, Paulo Henrique Martins de Castro, para atualizar todas as informações sobre o caso do menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, desaparecido de dentro de casa desta a madrugada de terça-feira (5) em Ribeirão Preto (SP). Ele cogitou a possibilidade de refazer o pedido de prisão temporária do padrasto e da mãe, suspeitos de ligação com o sumiço, com base em novas provas que podem ser acrescentadas ao processo. O primeiro pedido pela detenção de Guilherme Longo e Natália Ponte foi negado pela 2ª Vara do Júri e de Execuções Criminais do município na quinta-feira (7).
No parecer contrário à prisão, a juíza Isabel Cristina Alonso dos Santos argumentou que a liberdade dos suspeitos não atrapalha as investigações e pode, inclusive, auxiliar a polícia. A decisão contraria a justificativa apresentada por Nicolino e do delegado, ao se manifestarem favoráveis à prisão, mesmo diante da ausência de provas contundentes.
?A nossa opinião é de que a prisão temporária deveria ter sido decretada em razão de a polícia estar apenas iniciando as investigações, pelo fato também de, quando do desaparecimento da criança na madrugada só estarem presentes na casa o padrasto e a mão. Então nós entendemos que até agora as únicas pessoas que possam ser responsabilizadas por esse sumiço são essas. Soltas com certeza vão prejudicar as investigações?, afirmou.
O promotor confirmou que nesta sexta pretende apurar com a DIG quais serão os próximos passos da investigação para decidir que providência tomar sobre o caso. "Se for o caso nós vamos renovar esse pedido de prisão temporária. A juíza tendo indeferido esse pedido não quer dizer que amanhã, com a apresentação de novos indícios, de novas provas, ela não possa reavaliar a sua decisão?, disse.
Desabafo
Sem respostas sobre o paradeiro de Joaquim, o tio da criança, Felipe Paes, fez um desabafo em frente à DIG. Além de criticar a demora em localizar o sobrinho, ele criticou a indefinição sobre quem são os culpados pelo sumiço. ?Há quantas horas a gente está parado aqui em frente a essa DP? Quantos advogados têm defendido a gente? Nenhum. A gente não quer advogado, a gente quer a criança. A gente está há três dias em frente da DP esperando uma juíza dar prisão para o cara. Não, não dá prisão. (...) Eu estou de saco cheio, não vão fazer nada??, afirmou Paes.
Buscas
Na noite de quinta-feira, o Corpo de Bombeiros encerrou o terceiro dia consecutivo de buscas pelo menino Joaquim Ponte Marques, de 3 anos, que desapareceu de dentro de casa na madrugada do dia 5 no Jardim Independência, em Ribeirão Preto. Com o apoio da Polícia Militar, equipes percorreram as águas do Rio Pardo desde a manhã, mas não encontraram nenhum sinal do garoto até o início da noite.
Segundo os bombeiros, duas equipes se concentraram em uma área de difícil acesso do rio, já que as buscas realizadas na tarde de quarta-feira (6), com ajuda de um cão farejador da PM, indicaram que o menino e o padrasto podem ter seguido juntos até o córrego Tanquinho - próximo à casa da família.
Essa é uma das pistas analisadas pela DIG, que confirmou também ter tido acesso a imagens gravadas por uma câmera de segurança na rua em que a família vive. As provas serão confrontadas com os depoimentos prestados por Natália Ponte e Guilherme Longo, que alegaram inocência.
Natália afirmou que notou a ausência do filho pela manhã, ao procurá-lo no quarto, por volta de 7h, para aplicar uma dose de insulina, já que o menino é diabético. Ainda segundo a mãe, as janelas da casa têm grades, o portão estava trancado, mas a porta da sala estava aberta.
Já o padrasto do menino, Guilherme Longo, teria contado aos policiais que colocou o menino para dormir por volta de meia-noite e, durante a madrugada, saiu para comprar drogas, mas não encontrou quem fornecesse e retornou para casa. Em entrevista à reportagem da EPTV, o padrasto negou que seu vício em drogas tenha interferido em seu comportamento com relação ao menino, com o qual alegou que mantinha uma relação de pai e filho.
O pai de Joaquim, Arthur Paes que atualmente vive em São Paulo mas tem feito buscas por Ribeirão Preto na esperança de encontrar o filho, disse que, durante as visitas quinzenais que fazia a Joaquim, nunca recebeu reclamações sobre os cuidados que recebia da mãe e do padrasto. Ele disse, no entanto, que não entende como a criança desapareceu de dentro de casa se o portão estava trancado.