MP3: 15 anos abraçando Teresina

O Movimento pela Paz na Periferia (MP3) completou ontem (1º) 15 anos de contribuições às causas sociais, modificando vidas de jovens em situação de risco.

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A desigualdade social é um problema impossível de disfarçar e afeta a população de inúmeras formas. No vão deixado pelo poder público, os projetos sociais atuam prestando solidariedade e enfatizando a importância dessas pessoas, incentivando-as a transformar a própria realidade. 

Crédito: José Alves FilhoÉ a função de um dos principais projetos sociais de Teresina, o Movimento Pela Paz na Periferia (MP3), que completou, na quinta-feira (1), 15 anos de contribuições às causas sociais que constroem e modificam vidas. O MP3 foi criado no ano de 2004, no mesmo lugar em que funciona atualmente, no bairro São Pedro, zona Sul da capital. O lugar acolhe jovens em situação de risco e fornece projetos com o intuito de impulsionar a educação e inclusão no mercado de trabalho.

São várias atividades que estimulam jovens às mais variadas áreas, como Cine Periferia, Oficina de Corte e Costura, aulas gratuitas de skate, boxe e dança de rua, além do Projeto Inclusão Social, cursos de computação e ações com comunidades quilombolas.

O criador e coordenador do projeto, Júnior MP3, como prefere ser chamado, conta que antes de fundar o Movimento, era educador de rua pela Pastoral do Menor e trabalhava diretamente com os meninos da periferia. Ao notar que os jovens não se empolgavam com a Pastoral, resolveu saber um pouco mais sobre o que se passava. "Eu sentia que os meninos que faziam a composição das gangues não queriam participar porque tinham medo. Os que iam eram meninos que se ‘acovardaram’, segundo eles", disse. 

Diante desse problema, Júnior percebeu que era mais fácil ser educador de rua que educador das gangues. Mas o que ele poderia levar para os jovens? "Eu chamei o pessoal do hip-hop que tinha chegado recentemente em Teresina e decidimos formar uma grupo para levar arte e cultura para a periferia", contou.

O coordenador relata a desconfiança que surgiu no começo. "Tínhamos que fazer algo para que os jovens entendessem que nós não éramos inimigos. Juntamos o pessoal do skate, da bicicleta, Frei Leandro (pároco da Piçarra na época), professores, Sindicato dos Bancários, Regina Sousa (na época presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), para ajudar nesse trabalho social", explica.

Aos finais de semana, as atividades eram voltadas para as comunidades mais violentas da cidade. O grupo levava arroz e ovo para os moradores, realizava oficina de grafite, dança e conversava com os jovens das gangues para que a comunidade entendesse que eles haviam chegado para ajudar.  

Depois de mais reuniões e acordos de paz, que aconteciam em grande parte no Coreto da Praça Pedro II, instituições passaram a se interessar pela iniciativa.

"A Fundação do Banco do Brasil descobriu esse trabalho e nos convidou para que formássemos um projeto de inclusão digital, sugerindo computadores em uma sala aberta para esses jovens", relata Júnior MP3.

Mesmo não possuindo nenhuma sede, o grupo foi ajudado por outras instituições para receber os computadores. Logo em seguida, foi encaminhada a construção do local. 

"Nós passamos a ser mais respeitados a partir do momento que começaram a entender o objetivo do projeto.  A partir disso, várias outras foram ajudando e tudo foi se fortalecendo. Hoje nós temos Inclusão digital, montagem e desmontagem de computadores, lixo eletrônico, escola de futebol, uma escola de computação no Promorar  e uma escola formal em parceria com a Secretaria da Educação administrada pelo MP3 no Loteamento 7 Estrelas", completa Júnior.

Apesar de não possuir financiamento para manter o projeto funcionando, ele atende mais de 600 jovens por mês. 

"Mesmo com a falta de recursos, tudo é mantido graças a nossa equipe, à imprensa que divulga nossos atos, à população e todos que acham que nós estamos no caminho certo. Hoje, nós somos uma entidade muito forte, que faz um trabalho respeitado na favela", ressalta o coordenador do MP3.

Entre as grandes ações do MP3, está a ajuda para os imigrantes venezuelanos, que chegaram sem moradia,          sem recursos para sobrevivência. Júnior MP3 e demais ajudantes desenvolveram iniciativas de arrecadação de alimentos, roupas e procura de moradia para os imigrantes.

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