Uma paciente do Hospital Federal de Bonsucesso morreu ao ser transferida por causa do incêndio que atingiu o Prédio 1 da unidade nesta terça-feira (27).
Segundo Carlos Cesar Assef, diretor assistencial do hospital, a paciente, uma mulher de 42 anos, tinha Covid-19 e estava em estado gravíssimo. Ela chegou a ser removida da ala com vida, mas, na remoção, não resistiu.
No início da pandemia, o complexo foi anunciado como futura unidade de referência para a Covid-19. Um dos blocos, com capacidade para até 200 leitos, chegou a ser adaptado, mas o projeto não foi adiante por falta de pessoal.
Um relatório da Defensoria Pública da União (DPU) do ano passado alertava para problemas na estrutura de combate a incêndios na unidade.
Remoção antes de a fumaça chegar
Antes da confirmação da morte da mulher de 42 anos, o porta-voz da corporação, Lauro Botto, tinha afirmado que nenhum paciente se ferira e também tinha descartado intoxicação por fumaça.
"Conseguimos evacuar os pacientes antes que o fogo e a fumaça chegassem à enfermaria", disse Botto.
O fogo começou no almoxarifado do subsolo do Prédio 1 por volta das 9h40. Segundo o Corpo de Bombeiros, as chamas foram controladas às 11h30, e equipes trabalhavam no rescaldo.
Mas, por volta das 13h20, ainda saía fumaça negra das instalações. Botto ressaltou que "o Prédio 1 estava todo comprometido com chamas e fumaça".
O Hospital Federal de Bonsucesso, às margens da Avenida Brasil, é a maior unidade de saúde do RJ em volume de atendimentos. Cerca de duas mil pessoas circulam pelas alas todos os dias, segundo a assessoria de imprensa.
Desde o ano passado, houve ao menos um incêndio de grandes proporções e outros três princípios de incêndio em hospitais do Rio, além do caso desta terça-feira.
Pacientes levados para borracharia
Cerca de 200 pacientes foram transferidos para áreas do próprio complexo — parte aguardava atendimento sob uma árvore do pátio interno.
Alguns internados estavam no meio de tratamento quando tiveram de sair, outros estavam entubados, e havia quem estava com Covid-19, como a mulher que morreu na transferência.
Como a fumaça se alastrou, a direção optou por esvaziar também parte do Prédio 2, onde estavam internos da UTI neonatal e da Maternidade.
Alguns pacientes foram levados de maca ou em colchões para a Rio Paiva Pneus, que fica ao lado do complexo
Cerca de 30 internados foram transferidos para outras unidades da rede pública do Rio, como o Souza Aguiar, no Centro, o Evandro Freire, na Ilha do Governador.
Transplantados removidos
Uma médica que preferiu não se identificar contou que alguns pacientes que passaram por transplantes na noite de segunda-feira (26) precisaram ser retirados às pressas.
"Foi descendo todo mundo, segurando os pacientes no colo. A fumaça foi começando a ficar muito preta. Eu não consegui mais entrar no prédio. Eu não sei se ficou paciente lá dentro”, disse.