Uma inglesa de 55 anos perdeu duas décadas de memória após cair, bater a cabeça e sofrer uma lesão cerebral durante o trabalho, em julho do ano passado. Kay Delaney acredita que tem 34 anos e se assusta cada vez que vê seu rosto envelhecido no espelho.
A mulher, que vive na cidade de Wisbech, condado de Cambridgeshire, leste do país, também tem estranhado computadores e celulares, e não reconhece mais o filho caçula, James, pois se esqueceu até do nascimento do garoto, hoje com 20 anos.
O rapaz tem síndrome de Asperger ? um tipo de autismo ? e transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH), e a mãe era sua principal cuidadora, o que também era a profissão dela até o acidente.
A última coisa de que Kay se lembra foi de colocar duas de suas três crianças para dormir, no começo dos anos 1990. A inglesa diz que agora se sente amiga dos filhos, não mais mãe, e quando é abraçada por eles sente como se fossem estranhos.
Além disso, a mulher certa vez acordou no meio da noite cantando a música "No regrets" ("Sem arrependimentos", em inglês), da cantora francesa Edith Piaf, mesmo sem saber uma única palavra do idioma. Após recitar a letra inteira, abriu os braços e agradeceu a uma plateia imaginária.
O problema de memória foi diagnosticado pelos médicos como "amnésia retrógrada", ou seja, um estado geralmente temporário em que a pessoa recorda de eventos posteriores ao trauma, mas não anteriores ? que variam de dias, semanas até anos antes. Nesse caso, a paciente também sofre de ansiedade e falta de concentração.
O acidente de Kay fez com que ela fosse impedida de trabalhar novamente e se tornasse dependente do marido, o que impossibilitou uma promoção que já estava prevista antes da queda.
E essa situação tem dificultado inclusive as tarefas domésticas, como cozinhar e limpar a casa. A inglesa não consegue nem preparar uma xícara de chá, pois se esquece repetidamente de colocar a água na chaleira para ferver. Por conta disso, a família encheu a casa de bilhetes para tentar ajudar Kay a fixar as lembranças.