É relativamente baixa a sobrevida de mulheres diagnosticadas com câncer de mama em estágio metastático e tratadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Esta é a conclusão de um estudo coordenado por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia. Neste cenário, fica clara a necessidade de ampliar o diagnóstico precoce da doença e o acesso aos tratamentos mais avançados.
De acordo com o Dr. Leonardo Ribeiro Soares, membro da Sociedade Brasileira de Mastologia e coordenador do estudo, a sobrevida global em cinco e dez anos foi de 19,2% e 8,9%, respectivamente. Esses números são inferiores aos observados em centros especializados no Brasil e em países desenvolvidos, como é o caso da França, cuja sobrevida em cinco anos é de aproximadamente 30%.
Segundo o mastologista, a pesquisa foi realizada com 277 mulheres diagnosticadas com câncer de mama metastático entre 1995 e 2011, em Goiânia (GO). As mulheres atendidas pelo sistema privado apresentaram um ganho de 7,5 meses de sobrevida em relação às usuárias do sistema público. “Entre as principais características da população do SUS, destaca-se o predomínio de tumores grandes e com acometimento em linfonodos axilares, que pode ser justificado pela dificuldade de acesso ao diagnóstico”, afirma Soares.
O pesquisador constatou que, considerando a taxa de incidência padronizada ao longo dos 17 anos de análise, não houve mudança na tendência de diagnóstico em estágio metastático. “Este fato demonstra que as campanhas de rastreamento e diagnóstico precoce não foram capazes de reduzir a incidência do câncer avançado de mama. Também não houve qualquer diferença significativa em relação a outras características biológicas do tumor, à presença de sintomas ao diagnóstico e ao tipo de tratamento oncológico realizado”, explica ele.
Para o médico, o acesso à assistência privada de saúde foi o principal fator prognóstico para a sobrevida global dessas mulheres. “Destaco ainda que cerca de 90% das pacientes receberam quimioterapia em primeira linha da terapia sistêmica, independente do subtipo tumoral, o que não está em conformidade com os protocolos mais recentes”, esclarece Soares, acrescentando que este é o primeiro estudo de base populacional abordando a sobrevida global de mulheres com câncer de mama metastático no Brasil.