O Parque Nacional da Serra da Capivara, está prestes a ganhar mais um bom motivo para ser visitado. A região, que abriga a maior concentração de sítios pré-históricos do país, ganhará o Museu da Natureza. O complexo cultural abre as portas no dia 18 de dezembro e vai propor uma verdadeira imersão pela história natural do nosso planeta, desde o surgimento da vida até os dias atuais, abordando o protagonismo do clima na trajetória do ser humano e a influência do homem nas condições climáticas. Tudo isso por meio da tecnologia de ponta e interação que o colocam na categoria de “super museu.”
A ideia é proporcionar uma visão mais abrangente de como era a vida dos nossos ancestrais que viveram na região. Ao longo de 12 salas, o visitante vai percorrer áreas que mostram, por exemplo, o surgimento do sistema solar e a representação de acontecimentos que vão desde a formação e desenvolvimento da vida em nosso planeta até o período de existência dos dinossauros e outros animais da megafauna.
No fim do passeio, uma surpresa especial, com a projeção de um filme que conduz para uma jornada pela existência da Terra, acompanhado de texto narrado por Maria Bethânia, que faz refletir sobre nossa participação na manutenção da vida no planeta: “… A cada hora, nove mil pessoas se somam à população mundial e cerca de três espécies entram em extinção. (…) Somos os únicos capazes de transformar a criação em uma atividade. Temos criatividade. (…) A natureza está em trânsito. A estabilidade é uma ilusão. A vida insiste, resiste. Mas qual vida? Qual vida você quer criar?”
Marcello Dantas, curador do museu, explica que o lugar coloca em debate uma nova mudança climática em que, pela primeira vez na história da Terra, a ação de uma só espécie tem impacto global nessa relação: “Os níveis de gás carbônico emitidos pela humanidade têm contribuído drasticamente para o aquecimento do planeta.”
Os animais que viveram no território brasileiro há milhares de anos foram modelados pela primeira vez para o museu. São eles: preguiças gigantes, lhamas, ursos e mastodontes. Pelas galerias, ainda será possível fazer um passeio virtual pela topografia do parque que conta com cânions, boqueirões, cavernas e flora – experiência que pode ser feita com óculos 3D, simulando um voo em asa delta.
Ao todo, o museu tem 1700 metros de área expositiva permanente e mais 700 metros de área para eventos e exposições temporárias e sua arquitetura foi pensada para gerar reflexão. Quem explica é Elizabete Buco, arquiteta responsável pelo espaço: “A forma espiral dá a ideia de evolução, uma sucessão de acontecimentos, de movimentos ascendentes, progressivos e sem fim.”
A ideia da criação do Museu partiu de Niéde Guidon, arqueóloga brasileira conhecida mundialmente por lutar pela comprovação de sua teoria e preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Em 2003, ela deu início a conversas com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em busca de financiamento. Mesmo que bem recebido pela instituição, o projeto não avançou até 2008, quando um desenho arquitetônico mais detalhado foi solicitado pelo Banco. Mas foi só em 2013 que a primeira verba para a elaboração do projeto executivo foi liberada. As obras foram iniciadas em junho de 2017 e concluídas pouco mais de um ano depois.