“Não pode passar em vão”, diz mãe de garoto atacado por pit bull em escola

Cães escaparam de ferro-velho e morderam duas crianças em Piracicaba.

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As famílias de dois meninos, de 7 e 13 anos, atacados por dois pit bulls dentro da Escola Estadual Professor Eduir Benedicto Scarpari, no bairro Alvorada, em Piracicaba (SP), relataram que vão processar o dono dos animais na Justiça. "Isso não pode passar em vão", disse a mãe de uma das crianças. Os cães escaparam de um ferro-velho que fica próximo à escola na hora da saída dos estudantes.

O ataque ocorreu na sexta-feira (21) por volta das 18h20. O garoto de 13 anos tinha ido buscar a irmã na escola, onde também estuda no período da manhã. O menino disse que sentiu muito medo. "Fui atacado dentro da escola e arrastado até o lado de fora. Não sei de onde tirei forças para segurar um dos animais e impedir que me machucasse ainda mais", relatou. Ele foi mordido nas costas, pernas, abdômen e teve um mamilo dilacerado.

Já o menino de 7 anos estava ao lado da mãe quando foi atacado. "Eu estava segurando a mão dele, mas quando viu os cães se assustou e correu para tentar se esconder. Eu fui atrás e os cachorros já estavam mordendo. Foi por Deus. Os cães tentavam pegar o pescoço dele, mas como o cabelo é comprido, não conseguiram. Depois disso, foram atacar o outro garoto", relatou a mãe, Marlucia Maria Barbosa de Souza, de 42 anos. O menino teve ferimentos na orelha esquerda, perna e costas.

Testemunhas

O metalúrgico Miguel Ângelo Lamatriz, de 39 anos, e a esposa, a também metalúrgica Marisa Pimentel, de 35 anos, presenciaram o ataque. ?Estávamos esperando a saída do nosso filho e, assim que abriram o portão para as crianças, os cães invadiram a escola. Eles deram uma volta na quadra e na sequência atacaram o menino de 7 anos e depois o de 13 anos, que ficou mais machucado", afirmou Marisa.

"Foi um desespero. Tentamos separar com pau, quebramos um capacete, tentamos de tudo para fazer com que os cachorros parassem de morder, mas somente quando um dos funcionários do ferro-velho onde eles vivem chegou com uma corda e os amarrou é que pararam de atacar", disse Lamatriz.

As famílias afirmaram que vão acionar o dono dos cães na Justiça. "Meu filho teve muita sorte porque foi salvo e porque é bem forte. Poderia ser a minha filha ou qualquer bebê da creche e algo muito pior poderia ter acontecido. Por isso não vou deixar quieto. Vou atrás da Justiça porque isso não pode passar em vão", relatou a secretária Michelli Cristine Mariconi Felix, de 32 anos, mãe do menino de 13 anos.

O autônomo Antonio José de Souza Neto, de 45 anos, pai do menino de 7 anos, disse que também pretende entrar com processo em razão do ataque.

Assistência

O dono dos pit bulls, o comerciante Claudinei Martins Tejeda, de 34 anos, dono de um ferro-velho que fica perto da escola, disse que está disposto a prestar assistência às famílias. Tejeda afirmou que no dia do ataque à escola os cães fugiram após morder o tratador.

"Pretendo arrumar um outro local para eles. Tenho cães há 10 anos e nunca aconteceu nada, mas agora tenho que colocá-los em outro local. Pedi ajuda no Canil Municipal quando um deles foi apreendido, mas disseram que não podiam ficar com ele", afirmou o comerciante.

A Prefeitura de Piracicaba informou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) tem a função de vigilância, prevenção e controle das doenças que podem ser transmitidas dos animais aos homens e não recolhe animais saudáveis ou que tenham dono. Informou ainda que o proprietário levou multa de R$ 300 por deixar o cães soltos em via pública.

Omissão

A mãe do garoto de 13 anos relatou que a escola foi omissa com relação ao ataque. "Ninguém da instituição entrou em contato comigo. Eu fiquei sabendo do ocorrido uns 40 minutos depois porque alguns garotos foram de bicicleta até a minha casa e me avisaram. Sem contar que foram os pais que ajudaram o meu filho. Ele só ficou dentro da escola para esperar o socorro."

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, por meio de assessoria de imprensa, informou que a direção da escola disse que acolheu e encaminhou os feridos para dentro da unidade após o ataque e acionou atendimento médico. A instituição disse ainda que os portões estavam abertos por conta do horário de saída do período da tarde.

Outro ataque

No último dia 4, um dos cães que morderam as crianças na escola já havia atacado a cabeleireira Lígia Campos, de 35 anos, dentro da casa da mãe dela, no bairro Alto da Pompeia, a dois quarteirões de distância da escola. Ela contou que a mãe estava saindo com o carro e o animal entrou pelo vão do portão.

"Na hora eu corri para pegar o meu cachorro pinscher, porque certamente o pit bull o mataria, e pulei na piscina. Tinha certeza que ele não entraria na água, mas pulou e me mordeu." Ao tentar sair da piscina, Lígia escorregou e perdeu a consciência. O irmão e um vizinho tiveram que retirar o cão de cima dela. A cabeleireira teve lesões nas costas, na região lombar, nádegas, e cóccix. "Até hoje não consigo dormir. Choro só de relembrar a cena", relatou.

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