O portfólio de produtos nacionais da Nissan era conhecido antes mesmo da produção local, como aconteceu com o March e Versa. Ambos ganharam o prenome New, porém são apenas reestilizações feitas sobre os mexicanos, tanto que conviverão até por aqui com seus pares antigos.
O Salão de São Paulo marca justamente a aparição pública de uma novidade de fato: o conceito do novo crossover que o fabricante fará sobre a base dos compactos na mesma fábrica de Resende (RJ). Trata-se de um produto final já em fase de clínica com clientes em potencial.
A marca japonesa reuniu proprietários de outros utilitários compactos, em especial o Ford EcoSport. Segundo fonte infiltrada no evento, o Nissan tem mais espaço interno que o rival, e deve manter o nome Kicks. A plataforma V foi estendida. Além do motor 1.6 16V que gera 111 cv no March/Versa, o crossover virá com uma novidade na transmissão: o câmbio CVT, ainda não estendido aos compactos.
O desenho lembra a angulosidade do Evoque, conforme a fonte havia adiantado. A semelhança vive no teto flutuante de cor distinta. A Nissan, no entanto, evita bater o martelo quanto à data de produção. "O modelo tem grandes chances de ser produzido. Vamos ver a reação do público primeiro", afimou Shiro Nakamura, designer chefe da Nissan.
O estudo foi produzido com a ajuda dos estúdios da Nissan nos Estados Unidos, Ásia e, claro, Rio de Janeiro. Países onde ele poderá andar, conforme adianta Nakamura.
New Versa
A outra grande novidade é o Versa. O modelo ainda não fez a estreia do motor 1.0 de três cilindros, que terá potência pouco abaixo dos 80 cv. Por enquanto, a novidade é o facelift, que segue quase que à risca o aplicado no modelo vendido no mercado norte-americano. A motorização continua a ser única: a dupla de 1.6 16V flex e câmbio manual de cinco marchas. Para não ficar sem novidades, o New March se valeu do conceito de estilo Rio 2016 projetado no centro de estilo do fabricante no Rio de Janeiro. Com kit aerodinâmico esportivo, o modelo encarna o jeito solar do Rio na cor laranja e serve como forma de homenagear os jogos olímpicos, não por acaso patrocinados pela Nissan. Mesmo já tendo aparecido oficialmente em outra edição do motorshow paulista, o GT-R ainda é uma atração e tanto para o estande da Nissan. Pudera, trata-se de um monstro equipado com motor 3.8 V6 biturbo de 550 cv e 64,4 kgfm de torque jogados nas quatro rodas, o que lhe garante disposição para ir até os 100 km/h em 2,8 segundos e chegar aos 315 km/h. Dá para chamar o 911 Turbo S do estande da Porsche para um pega e não fazer feio. Dá para entender nada mimoso apelido de Godzilla. A importação oficial, contudo, não será concretizada.
Planos para o futuro
O presidente François Dossa adiantou alguns planos do fabricante. "Estamos estudando já a nova Nissan Frontier, um carro muito importante e que deve continuar a ser feito em São José dos Pinhais no Paraná", afirmou o executivo. Dossa se mostrou desapontado com a política nacional em relação aos elétricos como o Leaf, atualmente vendido apenas para alguns frotistas. "O governo beneficiou apenas os híbridos e esqueceu dos elétricos, vamos ainda voltar a conversar com eles. No resto do mundo a opção elétrica cresce, o Brasil ficará fora da festa. Quanto a outros Nissan que poderiam ser importados, Dossa descarta. "O X-Trail e outros não estão nos nossos planos, não é estratégico. Estamos com esperança sobre mudanças das regras de importação para justificar esses produtos".
Quanto a aliança Renault-Nissan, ainda não há planos para a produção de modelos da marca francesa na fábrica de Resende (RJ). "A nossa estratégia para crescer é bem parecida com a da Renault que, com praticamente apenas três modelos, tem quase 7% do mercado. A nossa meta é chegar a 6% e o foco é investir em poucos produtos de grande volume", explica Dossa. Eles já têm o New March, agora o New Versa. Não precisa nem comentar que o segmento dos crossovers compactos é outro que também deve crescer muito mais do que a média, então o Kicks está 100% confirmado? "Ele tem tudo para ser o carro símbolo das Olimpíadas".