Noivos acampam na frente de igreja por data de casamento

Sem aproveitar o mar no calor escaldante que fez durante todos os dias no litoral

Noivos acampam em igreja | Divulgação
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Enquanto a poucos metros de distância turistas se esbaldavam na praia, quatro casais de noivos resolveram trocar este feriado de sol em Santos, na Baixada Santista, por uma vaga na igreja mais concorrida da cidade. Sem titubear, montaram um "acampamento" no portão da igreja do Embaré, que fica praticamente à beira-mar, para guardar uma vaga para casar no mês de novembro do ano que vem.

Sem aproveitar o mar no calor escaldante que fez durante todos os dias no litoral, resolveram ao menos se revezar para aguentar as horas de espera na fila. Cadeiras de praia e de plástico foram improvisadas na calçada e chamavam a atenção de quem passava. Como os casórios ocorrem aos sábados e em determinados horários e é preciso marcar a data com antecedência de um ano, eles disseram que a prática tem virado rotina todo começo de mês.

Os primeiros a chegar foram o programador Fabrício Paulino, de 31 anos, e a analista de sistemas Deborah Prol Rey, de 27 anos. Eles casam no dia 20 de novembro de 2010.

Na verdade, foi o pai dela quem topou o desafio. "Ele estava passeando na praia na sexta à noite e resolveu vir perguntar como estava o movimento. Aí teve um segurança que falou que já teve uma pessoa que chegou cinco dias antes, em maio, que era o recorde. Ele só me ligou e comunicou que ia ficar", contou Deborah. Eram 20h30 do dia 30, uma longa jornada até esta terça-feira (3), data de reabertura da secretaria da igreja.

Além de Deborah, do noivo e do pai, a mãe e os dois sogros também entraram no "revezamento" diário. Depois deles, outros três casais chegaram para fazer companhia e não perder o sonho de casar no local. E também chamaram amigos e parentes para dividir o tempo. "Eles demoraram tanto para pedir a gente em casamento que agora estão pagando", brincou Deborah, cinco anos de namoro. "É algum tipo de castigo mesmo", consentiu Fabrício.

Os dois já planejavam se "separar" em algumas horas: um ia para o carro dormir um pouco, até descansar e ceder a vez ao outro.

O G1 conversou com os casais no domingo (1º), já depois das 23h. Apenas uma noiva não estava no "acampamento". "A Sílvia estava muito cansada, mas meus amigos vieram me fazer companhia", disse o industriário Ronaldo Burgatti, de 45 anos. Ele foi o segundo a chegar. Fascinado por Star Wars, afirmou que irá casar com uma roupa típica da série e que tentará colocar a música-tema na hora de entrar na igreja, que é considerada tradicional na cidade e não costuma permitir esse tipo de extravagância.

Questionado se após tanta espera dava até para pensar em desistir, disparou: "Estamos juntos há 19 anos. Já teria acontecido", riu.

Para passar o tempo, a turma batia papo e ria das coincidências. Havia vizinhos de porta, colegas que trabalharam juntos, amigos em comum. Mas ninguém tinha combinado nada. "É até engraçado", afirmou o técnico em telecomunicações Valdir Xavier Nogueira Jr, de 31 anos, acompanhado da noiva Juliana Martins Camargo, de 27 anos.

Um isopor com pão de queijo e sanduíches feitos pela sogra de um dos noivos ajudava a esquecer a fome. E para o sono? "A receita é muito café", disse Deborah.

O técnico em eletrônica Maurício Sousa do Nascimento, de 27 anos, e a desenhista Camila Galhardo Souza, de 25 anos, completavam o time de casais. Após seis anos de namoro, os dois não viam a hora de poder assinar a data.

Enquanto esperavam o dia "D", viram outros casais passarem para ficar e desistirem após saber que os horários já estavam "ocupados". A "vigília" até lembrava as filas para algum show de rock ou final de campeonato de futebol.

"Eu nunca quis que um feriado passasse tão rápido", afirmou Deborah. Mas ela não escondeu o motivo de tanta antecedência na hora de chegar à fila. "A gente ia casar em outubro, mas quando chegou no mês passado dois casais já estavam aqui para marcar na mesma data. A gente teve que mudar tudo, inclusive o bufê, acabou perdendo dinheiro. Desta vez, não."

Apesar da loucura, Deborah disse que a espera valerá a pena. "É meu grande sonho", afirmou. "E mais: disseram que era muito chato ficar aqui. Mas a gente viu que a turma é muito divertida", completou.

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