Por José Osmando de Araújo
O Nordeste brasileiro vem apresentando ao Brasil uma performance espetacular na geração de energias renováveis, dando ao país a certeza de que pode, em curto espaço de tempo, libertar-se do domínio perigoso e danoso da energia hidroelétrica.
Valendo-se da abundância de ventos e da magnífica intensidade solar, incomparáveis no mundo, a região saiu na frente, mesmo diante da inércia do governo federal, que em dado momento recente de nossa história optou por ficar preso a esquemas passados, confiando no modelo ultrapassado da geração de energia hidroelétrica, quase sempre predatória da natureza.
Marca histórica
Esta semana tivemos notícias alvissareiras nesse terreno, quando o Brasil ultrapassou uma nova marca histórica, a de gigawatts de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, somando usinas de grande porte aos sistemas de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos, alcançando o equivalente a 11,6% da matriz elétrica do país. Em um ano, a energia solar cresceu 76%, saltando de 14,2 GW para 25 GW. A fonte solar tem crescido 1 GW por mês.
De 2012 para cá, a fonte solar trouxe ao Brasil cerca de R$ 125,3 bilhões em novos investimentos, gerando mais de R$ 39,4 bilhões aos cofres públicos. Esse acontecimento impediu que, através da geração de energia elétrica, fossem emitidos 33,4 milhões de toneladas de CO2. Algo que o equilíbrio ecológico tem bastante a agradecer.
Piauí em destaque
O Piauí fica bem na fita. A Usina Solar São Gonçalo, localizada em São Gonçalo do Gurgueia, em território piauiense, é a maior do Brasil, com seus 2 milhões de painéis solares e capacidade para gerar 864 MW. O complexo Lagoa dos Ventos, no município de Barro Duro, também no Piauí, é o maior parque eólico da América Latina.
Nesse esforço para a geração de energias limpas, tem pontuado de maneira muito positiva o empenho de governadores do Nordeste, que têm trabalhado incessantemente para a captação de projetos casados com a iniciativa privada. Daí, por sua posição estratégica, valendo-se dos bons ventos, abundância de sol e uma extensa área de litoral, o Nordeste virou protagonista diferenciado.
Será do Nordeste, sem qualquer dúvida, esse protagonismo na transição energética das fontes fósseis e na busca pela neutralidade de emissões de gases de efeito estufa, o que se espera ser atingido até o ano de 2050.
Recordes
A energia eólica no Nordeste, por sua vez, vem batendo um recorde atrás do outro. As turbinas eólicas da região já atingiram o equivalente a 123% da demanda.
Com esse desempenho exemplar na geração de energia eólica e solar, o Nordeste dá uma enorme contribuição não apenas no contexto da planta energética brasileira, mas no fortalecimento da economia da região, contribuindo de maneira significativa na geração de emprego qualificado, que tem exigido a formação técnica de milhares de jovens em toda a região.
Quanto a isto, os segmentos de energia solar e eólica deverão gerar cerca de 2 milhões de empregos no Nordeste, muito disso já acontecendo. Recentemente, para a região, foram outorgados 66 gigawatts de energia renovável, o que equivale a cerca de cinco vezes ao que produz a hidroelétrica de Itaipu.