Por José Osmando de Araújo
Estamos diante de três constatações extraordinariamente animadoras no tocante à geração de energia renovável. A primeira, a de que o Nordeste brasileiro, por sua posição estratégica, os bons ventos e abundância de sol, é a região ideal para que o Brasil venha a atingir a neutralidade de carbono e desponte como um dos principais players do mercado de H2V (hidrogênio verde);
Depois disso, a notícia que a região nordestina produziu mais de 9.200 MW médios de energia solar e energia eólica, confirmada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), reforçando o potencial que a região possui para se transformar em um hub de desenvolvimento dessas fontes;
NOVOS INVESTIMENTOS
Por último, mas igualmente significativo e animador, é o fato de que o setor de energia solar movimentou cerca de R$ 8 bilhões em novos investimentos no Brasil no começo deste ano de 2023, com base em dados de relatórios mensais publicados pela ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Esses números levam em consideração a soma dos aportes realizados tanto no segmento de GD(geração distribuída) quanto de GC (geração centralizada) entre as primeiras semanas de janeiro e março.
CAPITAL PRIVADO E INTERNACIONAL
Desde 2012, a fonte fotovoltaica já foi responsável pela captação de mais de R$ 129,6 bilhões em investimentos, segundo a associação. Desse total, foram R$ 88 bilhões investidos somente nos últimos dois anos, entre os meses de março de 2021 e 2023, com forte prevalência de capital privado e internacional.
Até dezembro deste ano, a expectativa da associação fotovoltaica é que os investimentos acumulados na fonte superem a marca dos R$ 170,9 bilhões desde 2012. Se formos considerar que temos apenas 10 anos de fortes investimentos no setor, os avanços são muito significativos e colocam o Brasil na dianteira nessa busca de energias renováveis.
PRODUÇÃO ATÉ 2040
Os estudos apresentados pela associação também revelam que o crescimento da energia solar fez com que a fonte se consolidasse de vez como a segunda maior da matriz elétrica brasileira, atualmente com 12% de participação e atrás somente das usinas de geração hídrica (50,6%). As estimativas da ABSOLAR são de que até 2040 o Brasil terá uma produção de 126 GW de energia gerados pela luz solar.
CO2
Os dados ainda também indicam que, desde 2012, mais de 34,5 milhões de toneladas de C02 deixaram de ser emitidas na atmosfera brasileira em razão dos investimentos na fonte, que, no mesmo período, também foi responsável por gerar 781,6 mil empregos diretos no país.
Conclui-se, daí, que todo esse investimento que vem sendo contabilizado ao longo da última década tem sido importante não só para o crescimento do setor junto aos consumidores, como também para a geração de empregos, para a preservação do meio ambiente e, finalmente, para o desenvolvimento social e econômico do país.
Estados do Nordeste já estão chamando a atenção do mundo por causa de seus ousados projetos, como o Ceará – com a criação de um Hub do Hidrogênio Verde – a Bahia, que está investindo mais de US$ 1,5 bilhão no desenvolvimento de um projeto em escala industrial, e o Piauí, que abriga em São Gonçalo do Gurgueia a maior usina de energia solar do Brasil, com seus 2,2 milhões de painéis e uma capacidade de gerar 475 MW, eliminando até 860 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Além de liderar a produção brasileira, o parque piauiense é o maior da América do Sul.