O ENEM acaba de divulgar a lista dos aprovados em 2022, e mais uma vez nordestinos e nordestinas figuram na dianteira do desempenho, pontuando as mais elevadas notas em Redação e Matemática. Tem gente de Pernambuco, da Bahia, do Rio Grande do Norte, do Ceará, de Alagoas e - como nunca falta nessas horas de afirmação e grandeza-, lá está o Piauí, com a “Nota Mil” Ana Carolina Angelin Damasceno, uma jovem de 20 anos, que além da competência milionária em Redação, quase acertou também todas as questões de Matemática.
O Nordeste sempre faz bonito, cada vez mais, a despeito do preconceito vomitado a toda hora por gente baixa, desqualificada, arrogante, nociva, de várias outras partes do país. Esta semana mesmo, reforçando o discurso de ódio difundido por antiga autoridade acerca do resultado das eleições de primeiro turno na região, que seria consequência da “ignorância dos nordestinos”, “que os nordestinos votam assim porque são analfabetos”, um sujeito que os gaúchos elegeram seu representante na Câmara Federal, de nome Maurício Marcon, difundiu uma transmissão que ele fez ao vivo no instagram, comparando a Bahia ao Haiti, afirmando que “ali é uma pobreza só, tudo sujo, nojento.”
Aluna piauiense Ana Carolina Angelin Damasceno gabaritou nota mil na redação do Enem
AGRESSÃO AO NORDESTE
No mesmo dia em disferiu tal agressão aos nordestinos da Bahia, o tal deputado gaúcho fechou os olhos para uma notícia desalentadora e humilhante, revelada pelo relatório Missão Yanomami relativamente à situação de bebês yanomamis que morrem antes de completar um ano de idade. Uma situação agravada pelo governo Bolsonaro - em que ele certamente se inspira-, em que o número de crianças mortas em 2020 alcançou 114,3 a cada mil nascidos, uma taxa superior à registrada em Serra Leoa, na África, que tem 78,2 mortes por mil nascidos, segundo ranking da ONU.
Esse deputado gaúcho está equivocado. Ele, sim, a exemplo de lideranças que segue, é que está muito sujo, mergulhado, na ignorância e nesse preconceito odioso que só tem aumentado no Brasil, de acordo com estudo divulgado ainda esta semana, revelado pela organização Safernet, segundo o qual os crimes de discurso de ódio tiveram 74 mil registros só no ano passado, sendo a Xenofobia, especialmente contra nordestinos, o que realmente disparou, com crescimento de 874% em apenas um ano.
FAROL
Ao contrário do que essa gente insiste em pregar, “no caso do Brasil atual, o Nordeste é farol da educação pública. Os exemplos de Pernambuco no ensino médio; do Ceará na alfabetização e ensino fundamental; as experiências de Teresina, no Piauí, e Coruripe, em Alagoas, têm sido replicadas no país. E a educação não está mais avançada porque falta a integração do MEC”, é o que afirma Priscila Cruz, presidente-executiva da OGN Todos pela Educação.
Essa fala de Priscila Cruz é de outubro de outubro de 2022. O MEC vivia sob o domínio bolsonarista.
E Priscila, protegida por sua competência, foco e experiência, completa: “
“Qualquer pessoa que faça ataque à educação do Nordeste tem um total desconhecimento da realidade. Isso reflete uma aversão a dados. Hoje, a evidência é de que a grande referência educacional no país é o Nordeste. Só quem nega a ciência é que não enxerga a realidade.”