A passagem de ônibus em Teresina subiu de R$3,60 para R$3,85. O aumento de 25 centavos, um quarto de real, não foi bem recebido pela população, que deve comprometer até 17% do salário mínimo para simplesmente ir ao trabalho. A meia passagem, que passou cinco anos congelada, também inflou de R$1,15 para R$1,28.
Vale ressaltar que este coeficiente pode ser ainda maior. Isto porque algumas linhas do transporte público de Teresina não integram entre si, como o Universidade Circular I, Universidade Circular II, Rodoviária Circular I e Rodoviária Circular II.
Antes, na terça-feira (8), o prefeito Firmino Filho (PSDB) havia fixado o valor da tarifa em R$4,02, o que levaria Teresina ao posto de segunda capital com o sistema de transporte público mais caro do Nordeste. A prefeitura voltou atrás e caiu o valor para os atuais R$3,85, que foi publicado na quarta-feira (9) para vigorar a partir da quinta-feira (10).
Para Eumano Silva, instalador de som, a qualidade do serviço é questionável. “O transporte público piorou e a passagem aumentou. Não gostei do novo sistema. Eles reduziram a frota, fez foi piorar. A gente passa mais tempo na parada, pior ainda quando é final de semana”, considera.
O estudante de farmácia Wallace Santana Silva, que esperava em uma estação na Avenida Miguel Rosa, faz coro às reclamações. “O preço da passagem não compensa pela qualidade dos ônibus que a cidade oferece. São veículos antigos, com ônibus que a janela nem abre. Não tem qualidade nenhuma para o passageiro. Os terminais não condizem com a realidade de Teresina, que nem precisaria de terminais assim. Eles estão em funcionamento ruim, enquanto temos cidades próximas como São Luís e Fortaleza que o sistema funciona bem melhor”, compara.
O valor aprovado pela Prefeitura ficou aquém do que havia sendo indicado pelo Conselho Municipal de Transportes, que fixou o valor preliminar de R$4,02. O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Teresina (Setut) apresentou um valor ainda maior: R$4,72. O valor da passagem teve um acréscimo de 6,94%, um pouco abaixo da inflação acumulada em 2018 de 7,1%.
Setut diz que empregador paga parte da passagem, mas esquece que existem autônomos
Em virtude da matéria “Nova passagem compromete até 17% do salário mínimo”, veiculada na última quinta-feira, dia 10, que afirma que o aumento da passagem pode comprometer até 17% do salário mínimo, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) enviou uma nota que diz que o vale transporte é concedido pelo empregador, portanto, o trabalhador não precisa desembolsar o valor da tarifa do seu orçamento para assegurar seu deslocamento. No entanto, o Setut esquece que muitos trabalhadores são autônonomos, microempreendedores individuais ou estão em novos acordos trabalhistas abarcados pela nova legislação.
Passagem estudantil
Ainda em referência à informação de que “a meia passagem, que passou cinco anos congelada, também inflou de R$1,15 para R$1,28”, o SETUT ressalta que, apesar do aumento concedido, a tarifa estudantil permanece com desconto de 67%, ou seja, acima dos 50% fixado em lei.
A reportagem cita ainda que “algumas linhas do transporte público de Teresina não integram entre si, como o Universidade Circular I, Universidade Circular II, Rodoviária Circular I e Rodoviária Circular II”. Entretanto, essas são linhas que não integram por ser circulares, mas atendem o fluxo de passageiros que precisam se deslocar de uma região sem usar o sistema de integração. Neste caso, o Setut também não leva em conta as pessoas que moram em bairros mais distantes e precisam pegar um ônibus para o centro para só assim acessarem os ônibus quem levam às universidades.
Sobre a informação de que as janelas dos ônibus que fazem a integração não abrem, o SETUT esclarece também que com ar-condicionados instalados nos veículos não é possível abri-las como forma de preservar o ambiente refrigerado. A entidade reforça que as empresas seguem trabalhando, de acordo com a realidade do município, ofertando o melhor para os passageiros do sistema de transporte público.