Quando o assunto é câncer de mama, uma das doenças que mais matam as mulheres em todo o mundo, todas as "armas" são válidas para combate e cura. No Brasil, um novo equipamento começa a ser usado como aliado nessa batalha. A nova técnica para expor as células do câncer atende pelo nome de Mamógrafo por Emissão de Pósitron (PEM, na sigla em inglês), equipamento que é uma espécie de PET-CT (aparelho de tomografia computadorizada usado no corpo todo) com a diferença que o PEM é desenhado exclusivamente para examinar as mamas.
A máquina está em início de seu funcionamento no Hospital A.C.Camargo, responsável por introduzir a técnica no Brasil inicialmente em protocolo de pesquisa. De acordo com o doutor em Radiologia e professor adjunto da Ufpi, médico Gérson Prado, diferentemente da mamografia e da ressonância magnética, esse tipo de aparelho mostra, além da localização dos nódulos, a atividade metabólica das lesões, o que pode ajudar a distinguir as benignas das malignas. ?É bom que estejamos bem atentos a tudo que há de novo no Brasil, pois sabemos que muitas vezes os pacientes daqui têm a possibilidade de irem a centro maiores ainda que o Piauí para exames que não chegaram aqui. Mas será que vale a pena? É isso que temos que estudar, para poder orientar aos nossos pacientes?, comenta Gérson Prado.
Ele explica que tanto a mamografia como a ressonância magnética podem identificar inúmeras lesões nas mamas, entretanto não conseguem distinguir quais são verdadeiramente malignas e quais são verdadeiramente benignas. ?Com o PEM, inúmeras pacientes estariam livres de procedimentos invasivos desnecessários, pois apenas as lesões que fossem positivas e altamente suspeitas para malignidade seriam biopsiadas. A indicação do exame é feita principalmente para as mulheres mais jovens, cujas mamas costumam ser mais densas e de difícil avaliação. Outra recomendação é para quem tem mutações no DNA da família?, complementa o especialista.
O projeto do Hospital A.C.Camargo prevê que até o segundo semestre de 2013 a máquina será objeto de estudos. Porém, ainda segundo o médico Gérson Prado, embora o novo equipamento seja mais uma arma no combate ao câncer de mama, ele não se presta, no presente, para rastreamento de grandes grupos populacionais, visto que o alto custo (R$ 1.7 milhão/ cada máquina + custos operacionais) e baixa disponibilidade de equipamentos não atingiria mulheres com risco para desenvolver o câncer de mama.
"Acho que devemos ter uma visão crítica em relação a novas tecnologias que nos são oferecidas. Parece haver um interesse muito grande dos fabricantes em disseminar novos equipamentos, quando na verdade ainda não temos acesso pleno nem mesmo ao básico. A população deve entender que essa tecnologia específica (PEM) não substitui a visita periódica ao mastologista, tampouco a mamografia de rotina?, alerta o especialista.
De acordo com o médico, a mamografia continua sendo o exame de escolha para o rastreamento do câncer de mama. ?O PEM tem demonstrado, nos países onde o aparelho já foi validado e está em uso frequente, ser importante durante o tratamento oncológico, na maioria das vezes confirmado por outro método de imagem. O PEM tem um papel fundamental nos momentos seguintes, inlcuindo planejamento pré-cirúrgico - inclusive equiparando-se à ressonância magnética - passando pela identificação por açúcar marcado com 18-FDG (radiofármaco do tipo 2-flúor-2-deoxi-D-glicose), dos linfonodos comprometidos, potencial de metástase e monitoramento da quimioterapia, bem como a avaliação do risco de doença metastática?, finaliza Dr. Gérson Prado.