Novo luxo é o que é nobre e sustentável, diz dono da Osklen

‘Não adianta ser sustentável se não for belo’, afirma empresário.

|
Siga-nos no Seguir MeioNews no Google News

O que é de luxo custa mais caro e é para poucos, mas pode ser nobre e não simplesmente esnobe. Essa é bandeira defendida pelo empresário Oskar Metsavaht, dono e criador da grife Osklen, grife brasileira reconhecida internacionalmente pelas suas peças ousadas e pelo uso de materiais inovadores e sustentáveis em seus artigos-conceito.

?O luxo precisa ser nobre e sustentável?, afirmou em entrevista ao G1, após participar neste domingo de debate no Fórum de Sustentabilidade Empresarial da Rio+20, organizado pelo Pacto Global das Nações Unidas, que acontece no Windsor Barra Hotel.

?O novo luxo é a despretensão pelo status de valores antigos que todas as grandes marcas buscaram passar, mas acabaram de esquecendo de valorizar o que está por trás de todo o processo?, diz o empresário, lembrando que a palavra esnobe vem de ex-nobre. ?O que pode ser mais contemporâneo hoje em dia do que melhorar a qualidade da vida de populações de baixa renda e melhorar a relação de proteção da natureza. Isso nobre, isso é belo, isso é que é cool?, completa Metsavaht, que também é o designer da grife e presidente da Instituto-E, entidade especializada em gestão de ações ambientais sustentáveis.

Apesar de ser da indústria da moda e lucrar nesse mercado, Metsavaht é crítico do consumo exagerado. ?Nobre é comprar menos coisas, mas produtos que sejam bons e que saibamos a origem deles, com valores sustentáveis em toda a cadeia social e ambiental por trás da produção?, afirma.

Segundo ele, a regra vale tanto na moda de luxo como a popular. ?Você não precisa ter muita roupa, muita bolsa. Se a pessoa comprar várias baratinhas mal feitas, vai estar gastando rápido. E se elas não forem de origem sustentável, vai estar prejudicando mais ainda porque estará reforçando o antigo modelo industrial de produção?, diz.

Metsavaht avalia, porém, que os produtos sustentáveis só terão mais espaço na moda se tiverem também qualidade e design. ?Não adianta ser sustentável, se ela não for belo e bem feito. E não adianta também ter tudo isso se você não criou uma sedução com a linguagem de moda para ser desejada?, afirma.

Couro de peixe e fibra de juta

A Osklen já desenvolveu 23 tipos de materiais inovadores através de parcerias com cooperativas e pequenas empresas. Entre os projetos está a captação sustentável de couro de peixes e fibras de juta amazônica e de palha de seda, além de látex e algodão orgânico. A primeira loja da marca foi inaugurada em Búzios, em 1989. Hoje, são mais de 60 espalhadas pelo Brasil, além de quatro no exterior.

Segundo o empresário, esse modelo de produção é de 10% a 50% mais caro que o tradicional, o que acaba refletindo também nos preços. ?Inovação custa caro, por isso o produto final é mais caro. Eu só vou poder aumentar a escala e baixar o preço quando a sociedade de consumo entender que é mais legal comprar um produto sustentável do que os outros?, explica.

Ele reconhece, no entanto, que por estarem associados ao luxo e à exclusividade, os produtos da grife são acessíveis a poucos. ?Se é exclusivo, você faz menos quantidades, então é caro. Mas os poucos que podem comprar estão pagando um valor que chega às comunidades de baixa renda e nos projetos de desenvolvimento sustentáveis ambientais?, ressalva.

O sucesso dá grife já despertou o interesse de pelo menos três grupos internacionais. Metsavaht negocia uma associação para expandir a marca mundialmente, mas diz que ainda não há nenhum acordo fechado. ?Isso ainda vai ser um grande negócio para mim. Vou ganhar dinheiro sim, mas fazendo uma coisa bela?, conclui.

Veja Também
Tópicos
SEÇÕES