O perigo corre nas veias; um em cada mil brasileiros possui a anemia falciforme

O perigo corre nas veias

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A anemia falciforme é uma doença hereditária que causa problemas em praticamente todos os órgãos do corpo. Apesar de ter maior incidência entre países onde a população é predominantemente negra, no Brasil também há registros dela, com uma incidência de cerca de uma a cada mil pessoas. Ela pode se manifestar ainda nos primeiros meses de vida, antes de o bebê completar um ano e tem uma mortalidade bastante significativa na infância.

Essa é uma doença que pode ser controlada por meio de medicamentos e acompanhamento de um hematologista. Dessa forma, é possível ter qualidade de vida. “Se a pessoa que tem a doença fizer o tratamento de forma correta e tiver um bom acompanhamento profissional, ela tem uma sobrevida aumentada”, garantiu a hematologista Melissa Pallis. A servidora pública Verônica Soares da Costa, de 51 anos, é uma prova de que é possível conviver com a doença e ter uma vida normal.


 

“O único cuidado maior que eu preciso ter é em não fazer muitos esforços físicos, mas, fora isso, levo uma vida normal. Quem tem essa doença, passa por momentos de crise e comigo não e diferente, mas as crises mais sérias, em que eu preciso ir ao hospital, chegam a demorar até cerca de um ano e meio para acontecer. Quando elas acontecem, sinto dores e preciso ir ao hospital, para tomar remédios mais fortes. As mais simples eu controlo em casa mesmo, com o uso de analgésicos e do medicamento Profenid”, disse.

Ela afirma que não há um intervalo padrão de tempo entre uma crise e outra, podendo acontecer, uma, duas, três ou até mais vezes ao ano, variando de acordo com a pessoa que tem a doença. “No meu caso, alguns fatores podem facilitar o aparecimento das crises, como meu estado emocional, períodos de tensão, ambientes mais frios ou úmidos, dentre outros”, relatou. Os sintomas da doença são crises de dor abdominal, dor nos ossos, falta de ar, crescimento retardado na puberdade, fadiga, febre, palidez, taquicardia, úlceras nas pernas, em adolescentes e adultos, olhos e peles amarelados, dentre outros.

Doença pode ser detectada através do teste do pezinho

Para que o tratamento seja mais eficaz e a pessoa acometida com a anemia falciforme tenha mais qualidade de vida, é fundamental que o diagnóstico da doença seja o quanto antes. Esse diagnóstico pode ser feito após o nascimento do bebê, através do teste do pezinho. De posse do resultado do exame, caso seja atestada a doença, essa criança deve ter uma atenção especial dos médicos e demais profissionais da atenção básica. Além disso, o acompanhamento feito por um especialista nunca deve ser dispensado.

Quanto à cura, isso já está sendo estudado e pode acontecer por meio de transplante de medula óssea, mas, segundo Melissa, esse tipo de tratamento ainda não é autorizado no Brasil e acontece apenas de forma restrita. “Ainda são poucas as pessoas que tem acesso a esse tipo de tratamento, o mais recomendado ainda é o uso de remédios”, explicou a hematologista. Anemia falciforme é caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia. A hemoglobina, que transporta o oxigênio e dá a cor aos glóbulos vermelhos, é essencial para a saúde de todos os órgãos do corpo.


Medicamento é fornecido de forma gratuita

Um dos principais medicamentos usados para o tratamento da doença é fornecido de forma gratuita aos piauienses. Ele pode ser adquirido na Farmácia de Dispensação de Medicamentos Excepcionais. Essa facilidade para conseguir o medicamento é um importante passo para ajudar quem sofre com essa doença.

Segundo Melissa, o remédio ajuda amenizar os sintomas e consequências da doença. “Esse remédio contribui para a diminuição do número de hemácias que adquirem o formato de foice, diminui as crises de dor, melhora a úlcera nas pernas. Enfim, ameniza todos os problemas que vêm com a doença”, afirmou.

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