O suplente é pior que o titular, diz senador Gim Argello

O suplente é pior que o titular, diz senador Gim Argello

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Um homem com 44 anos, sorriso f?cil e bochechas avermelhadas dever? chegar ao Senado esta semana. Seu nome ? Jorge Afonso Argello, mas ? conhecido apenas como Gim Argello. ? o primeiro suplente de Joaquim Roriz (PMDB-DF), o senador que renunciou na quarta-feira 4 para n?o ter que dar explica?es sobre um saque de R$ 2,2 milh?es, no caixa do Banco de Bras?lia, em dinheiro vivo, que teria sido partilhado com o empres?rio Nen? Constantino, dono da Gol. Nada assegura, no entanto, que a temporada de esc?ndalos no Senado esteja terminando. "Ele (Gim Argello) n?o dura nem um m?s", previu o pr?prio Roriz num desabafo a amigos, horas depois de se ver obrigado a passar o cetro ao suplente.

O Minist?rio P?blico trabalha com a hip?tese de que os R$ 2,2 milh?es que fizeram Roriz renunciar seria apenas a primeira parcela de uma comiss?o de R$ 23 milh?es que o grupo do ex-governador de Bras?lia teria acertado com Constantino em um neg?cio envolvendo um terreno p?blico. Gim ? o principal suspeito de intermediar o neg?cio. Em julho de 2006, a imobili?ria Alphaville, do deputado Wigberto Tartuce, tamb?m ligado a Roriz, comprou um terreno de 80 mil metros quadrados, em uma ?rea nobre, pr?xima ? futura rodovi?ria de Bras?lia. O im?vel pertencia a quatro fundos de pens?o de estatais, como o Regius, do Banco de Bras?lia. N?o houve licita??o e Tartuce o comprou por R$ 15,2 milh?es, em 12 presta?es. Logo depois, preparou um projeto para erguer no terreno um empreendimento de edif?cios de uso m?ltiplo, com escrit?rios e studios residenciais. Mas a lei de zoneamento s? permitia o uso do terreno para "presta??o de servi?os". Em novembro, a ent?o governadora Maria de Lourdes Abadia, que fora vice de Roriz, baixou um decreto mudando os par?metros de uso de ocupa??o. A ?rea, ent?o, passou a ser de "uso comercial de bens e de servi?os", onde cabe construir qualquer coisa. Na seq??ncia, a C?mara Distrital aprovou uma lei ratificando o decreto. "Eu fazia tudo com a orienta??o dos secret?rios de Roriz", justifica Abadia.

No dia 9 de mar?o de 2007, Tartuce vendeu o terreno a Constantino, por R$ 80 milh?es, segundo revelou a tr?s amigos ouvidos por ISTO?. Na escritura, o neg?cio foi registrado por R$ 47 milh?es. Oficialmente, um lucro de R$ 31,8 milh?es em apenas oito meses. As escutas telef?nicas que comprometem Roriz s?o dessa ?poca. Exatamente no dia em que Constantino assinou a compra do terreno, o corretor oficial do neg?cio, Deodomiro Alves Silva, foi flagrado em um conversa dizendo: "Aqui s? tem peso pesado. Se a Pol?cia Federal baixar aqui agora, leva todo mundo. T? eu, Gim Argello, Nen? Constantino. Se passar aqui leva todo mundo". A conversa na qual Roriz combina a partilha do dinheiro ? de quatro dias depois, 13 de mar?o. "Isso j? ? suficiente para justificar uma CPI", prega o deputado Jos? Ant?nio Regufe, do PDT.

Mas os ind?cios contra Gim Argello n?o se limitam a esse neg?cio. O Minist?rio P?blico da capital identificou um esquema oficial de grilagem de terras, que teria funcionado por muitos anos dentro do governo e da C?mara Legislativa, da qual Gim foi presidente de 2001 a 2002. Segundo o j? investigado, um pol?tico localiza um terreno, quase sempre doado pelo governo, para a constru??o de algum equipamento p?blico.Ent?o, esse pol?tico encontra um empres?rio interessado em instalar ali um grande neg?cio. Um shopping center, por exemplo. Em seguida, o governo ou a C?mara muda a destina??o legal do terreno. A deputada ?rica Kokay, do PT, fez um levantamento minucioso. Ao todo, foram aprovadas 132 leis na C?mara Distrital que ferem o tombamento de Bras?lia e transformam ?reas p?blicas em privadas. S?o 2,2 milh?es de metros quadrados em todo o Distrito Federal. Os promotores h? anos investigam casos assim, mas de maneira isolada. Num deles, sobre grilagem de terras para instalar condom?nios urbanos irregulares, Gim Argello foi citado numa grava??o como tendo recebido nada menos que 300 terrenos a t?tulo de propina. O caso est? para ser julg

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