A Organização Mundial da Saúde (OMS) comunicou nesta quinta-feira (05/11) que entrou em contato com as autoridades da Dinamarca para averiguar detalhes sobre o surto de covid-19 que teve origem numa mutação do coronavírus que ocorreu em visons. Após ter sido detectada a infecção de 12 pessoas, o governo dinamarquês ordenou o abate de todos os animais da espécie em criadouros do país. Informações do site DW
Dinamarca é o maior produtor global de visons, usados para fazer casacos de pele
"Estamos cientes de relatos na Dinamarca de várias pessoas infectadas com coronavírus oriundo de visons, com algumas alterações genéticas no vírus. Estamos em contato com as autoridades dinamarquesas para saber mais sobre este evento", publicou no Twitter a OMS.
A Dinamarca é o maior produtor global de visons, cuja pele é usada para fazer casacos. Na quarta-feira, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, anunciou que até 17 milhões de visons serão sacrificados no país como precaução. Segundo ela, a mutação no coronavírus tem potencial para ameaçar a eficácia de uma futura vacina contra a covid-19. O país nórdico já havia abatido animais de fazendas anteriormente por causa de infecções pelo vírus, mas os surtos persistiram.
Em um relatório publicado nesta quarta-feira, o Statens Serum Institut (SSI), órgão responsável por lidar com doenças infecciosas no país, disse que testes laboratoriais mostraram que a nova cepa identificada nos visons tinha mutações na chamada proteína spike, uma parte do vírus que invade e infecta células saudáveis.
De acordo com o SSI, isso representaria um risco para as futuras vacinas contra a covid-19, que são baseadas na desativação da proteína spike.
Novas restrições
Para conter a disseminação da nova cepa, pelo menos sete municípios do norte da Dinamarca, onde há muitas fazendas de visons, terão medidas de restrição reforçadas. Restaurantes e os limites entre os municípios serão fechados a partir desta sexta-feira. Além disso, a população está sendo encorajada a realizar testes para detectar o coronavírus e a trabalhar de casa pelas próximas quatro semanas.
O movimento para sacrificar os milhões de animais pode custar ao Estado mais de 800 milhões de dólares. A medida é questionada por alguns parlamentares e por criadores de visons.
"Estamos pedindo o envio [de evidências], para que possamos avaliar a base técnica", disse um porta-voz do Partido Liberal à emissora TV2 na quarta-feira.
A associação da indústria de criadores de visons disse se tratar de "dia negro para a Dinamarca" e afirmou que a decisão do governo significa uma sentença de morte para a indústria de peles do país. "É um desastre para a indústria e para a Dinamarca", disse o presidente da entidade, Tage Pedersen.
Hans Henrik Jeppesen é um dos vários produtores afetados pela decisão. "Esta é uma situação muito, muito triste para mim e minha família", lamentou. Os 36 mil visons da propriedade de Jeppesen, à oeste de Copenhague, não foram infectados, mas serão sacrificados nos próximos 10 dias.
Outros países
A Dinamarca não é o primeiro país a tomar essa medida drástica. A Holanda e a Espanha também já abateram milhares de visons por preocupações semelhantes. Em agosto, a Holanda, depois de abater dezenas de milhares de animais, resolveu banir por completo a criação para a indústria de peles, após o registo de vários focos de infecção em criadouros.
Em maio, as autoridades holandesas já tinham decidido proibir o transporte de peles de visons em todo o país, depois que dois trabalhadores de um criadouro teriam contraído o novo coronavírus por meio desses pequenos animais.
Em julho, quase 100 mil visons foram sacrificados em uma fazenda no nordeste da Espanha depois que muitos deles testaram positivo para coronavírus.