A Jife (Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes), órgão ligado à ONU (Organização das Nasções Unidas), alertou nesta quarta-feira (24) para o crescente número de laboratórios clandestinos no Brasil e em outras nações do Cone Sul. O crescimento destes laboratórios está relacionado à expansão do consumo de pasta de coca pela população jovem, de acordo com o relatório divulgado hoje.
De acordo com o relatório anual do órgão, apresentado em Viena, os laboratórios ilegais instalados para a fabricação de cocaína impulsionaram o aumento do uso da pasta da droga nos países da região. Além do problema do consumo de drogas ilícitas, o documento destaca que o Brasil precisa enfrentar o fato de ser utilizado como rota do tráfico internacional de entorpecentes.
Nesse contrabando foi detectado o envolvimento de cartéis mexicanos, que traficam "grandes remessas ilícitas de cocaína" oriunda de nações latino-americanas "por meio do Brasil". Por exemplo, o relatório ressalta que "a cocaína apreendida na África provém, sobretudo, da Colômbia e do Peru, e, muitas vezes, é contrabandeada a partir do Brasil e da Venezuela".
No tráfico, usa-se cada vez mais o transporte aéreo, segundo as apreensões feitas pela polícia, já que "aproximadamente 50% da cocaína apreendida no Brasil em 2008 foi contrabandeada por meio de rotas aéreas".
Drogas sintéticas
No Brasil, também começaram a ser instalados laboratórios clandestinos que, além de processar precursores anfetamínicos, produzem comprimidos de ecstasy e metanfetamina.
"Em 2008, drogas sintéticas começaram a ser fabricadas ilicitamente" no Cone Sul, o que "foi comprovado com o estouro de laboratórios de fabricação ilegal de MDMA (ecstasy) e metanfetamina, na Argentina e no Brasil", indica o relatório.
A Jife, como contrapartida, recomenda o fortalecimento das medidas de combate a esse indesejado desenvolvimento. Especialmente, pede às autoridades que prestem especial atenção "aos possíveis casos de desvio de precursores de estimulantes de tipo anfetamínico, inclusive na forma de preparados farmacêuticos."
Por outro lado, o órgão reconhece os inúmeros esforços promovidos pelas autoridades brasileiras nessa luta e lembra que o governo vem aplicando medidas para evitar a falsificação de produtos farmacêuticos em todo o país.
O relatório destaca que, em 2009, foi implementado no Brasil "um sistema de rastreamento eletrônico para todos os remédios fabricados" no país. O governo brasileiro "também fortaleceu as medidas relativas à prescrição e à fiscalização dos anorexígenos, que são largamente consumidos" pelos brasileiros, e adotou iniciativas contra a lavagem de dinheiro.