A Organização das Nações Unidas (ONU) fez conhecer, no último dia 20 de Março, um resumo final e seu relatório do consenso científico dos últimos anos sobre o aquecimento do planeta, com um alerta acerca da necessidade de ações urgentes contra mudanças climáticas como garantia de um “futuro habitável” na Terra.
O relatório reconhece que em algumas partes do mundo houve avanços expressivos nas ações globais nos últimos tempos, mas insuficientes para atender às necessidades, tamanha a dimensão do problema.
Conhecido como IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), o relatório carrega a assinatura de 93 cientistas selecionados pela ONU, que passaram a monitorar e a assessorar toda a ciência global relacionada às mudanças climáticas, com foco nas mais variadas dimensões e aspectos da questão. Este já é o 6º relatório elaborado pelo grupo e o que reúne os mais recentes conhecimentos sobre mudanças climáticas, as ameaças que sofremos hoje e o que podemos fazer para limitar os aumentos de temperatura, estas consideradas até agora os maiores perigos para todo o planeta.
Boas notícias
Existem algumas boas notícias neste relatório. Uma delas refere-se ao desenvolvimento promissor de tecnologias de baixo carbono, apontando esforços mais ambiciosos de alguns estados nacionais para reduzir emissões de carbono e alcançar novas conquistas em nesse campo, como, por exemplo, o chamado hidrogênio verde, a partir da produção de energias limpas.
Mas o relatório aponta para a necessidade de se dar urgência e amplitude a essas iniciativas, globalizando-as entre todos os países, pois cada fração de grau de aquecimento faz enorme diferença, trazendo efeitos danosos e preocupantes nas mudanças climáticas, como a frequência e intensidade das ondas de calor, o advento e aceleração de tempestades, terremotos, cheias e secas.
Medidas urgentes
Daí, o relatório afirmar que nesse esforço de compromissos globais que evitem tragédias intoleráveis para a humanidade, algumas medidas são essenciais e urgentes. Não se trata apenas de cortar emissões de gases de efeito estufa, mas de remover parte do carbono que já está na atmosfera. E isso se faz protegendo os habitats naturais ao redor do mundo que armazenam bilhões de toneladas de carbono.
Para tanto, é inadiável alterar a forma como são manejadas áreas produtivas, como propriedades rurais, para que elas retenham mais carbono e restaurem os habitats naturais em áreas que foram desmatadas ou degradadas. Por sorte de todos os seres vivos, a natureza criou uma tecnologia poderosa que faz isso: fotossíntese. As plantas absorvem carbono do ar naturalmente e o armazenam em suas raízes e no solo. Aqui se prova a importância de manter vivas as florestas.
Importância dos povos indígenas
Entre as recomendações que faz o relatório em torno das medidas cabíveis para se alcançar o equilíbrio tão desejado, algumas chamam a atenção por serem tão naturais e de custo inexistente. A principal delas é a seguinte:
"Quando falamos de combater as mudanças climáticas, não podemos alcançar ações efetivas sem a liderança de Povos Indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais.
Essas comunidades são alguns dos mais importantes protetores do carbono vivo, já que as áreas manejadas por comunidades têm taxas de desmatamento muito menores do que áreas protegidas pelos governos. De fato, Terras Indígenas abrigam 80% da biodiversidade remanescente no mundo e 17% do carbono florestal do planeta.
Para apoiar Povos Indígenas a manterem seu papel crucial, governos precisam reconhecer formalmente seus direitos à terra e uso de recursos, e os financiamentos para ação climáticas devem incluir ações de apoio às comunidades.”