Aos 51 anos e com a saúde extremamente debilitada devido a um câncer de esôfago, Alencar Ferraz comoveu funcionários e pacientes do Hospital do Câncer, em Divinópolis, no centro-oeste de Minas.
Mesmo sem falar e com dificuldades de locomoção, ele mostrou que nunca é tarde para realizar um sonho e se casou com a companheira Sônia da Silva no último dia 13 de novembro. Somente 17 dias depois após ter o desejo atendido, Ferra faleceu na mesma unidade de saúde onde a cerimônia foi celebrada.
Os dois viveram juntos por 15 anos até oficializarem a união. No hospital, os profissionais já sabiam do companheirismo do casal, mas foram surpreendidos pelo sonho do paciente. O desejo “secreto” foi descoberto por um grupo de estudantes da UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei), que desenvolve o projeto “Cuidados Paliativos” junto àqueles que convivem com doenças em fase terminal .
De acordo com a Accom (Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas), que participou da organização da cerimônia, o último desejo de Ferraz mobilizou profissionais e comunidade. O vestido da noiva, o paletó do noivo, a comida e até as alianças foram doadas. Com a colaboração de uma força-tarefa improvisada, tudo foi rapidamente organizada e os dois oficializaram o amor de tantos anos sob os olhares de amigos e parentes.
A doença fez com que o paciente perdesse a fala e precisasse se locomover em uma cadeira de rodas. Mesmo fraco, no entanto, ele aproveitou cada momento da festa do hospital e comemorou a união com aquela que foi, conforme o relato da família, seu primeiro amor.
No dia 30 de novembro, a Accom informou a morte de Ferraz. Foram seis longos meses de internação e luta contra a doença com “o apoio permanente” da companheira. Conforme a associação, o paciente era querido por todos e “sofria muito, mas sem reclamar de nada” .