Pacientes buscam serviços médicos para avaliar silicone

Em Teresina, mulheres com silicone estão procurando os médicos por medo de problemas em suas próteses

Doutor Gérson Prado tem feito exames em várias mulheres para avaliação do silicone | Divulgação
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As clínicas do Piauí estão recebendo nas últimas semanas várias mulheres com próteses mamárias. A preocupação é com relação ao silicone usado nesses produtos e às recentes denúncias de ruptura das mesmas, provocando riscos à saúde dessas pacientes.

Como conta o doutor em Radiologia médico Gérson Prado, ele já recebeu várias mulheres em busca de exames de imagem que pudessem avaliar o estado de suas próteses. Ele diz que isso deve acontecer com uma certa periodicidade, mesmo para quem tem próteses atestadamente de qualidade. ?É essencial a mulher fazer exames de imagem para avaliar como está o posicionamento da próteses e a condição geral da mama. Ela deve ainda fazer os exames mamográficos e de ultrassom de rotina, como qualquer outra paciente?, explica.

O especialista comenta que esses exames de rotina seguem uma ordem, nos casos das mulheres com silicone. Elas devem procurar o cirurgião plástico que as implantou, um ginecologista ou um mastologista, que poderá detectar retração, deformidades ou alguma vermelhidão nas mamas. Em seguida, certamente serão solicitados exames de imagem, que incluem mamografia e ressonância magnética. ?O médico radiologista é quem detecta e problema e faz o diagnóstico, avaliando inclusive, a extensão do extravasamento do gel de silicone e reconhecendo a intensidade da reação fibrótica dos tecidos. O ultrassom pode ser utilizado em alguns casos e também fornece subsídios diagnósticos importantes e, por isso, não pode ser dispensado?, diz Prado.

Para quem ainda não entende a importância de cada exame, o médico explica que a mamografia consiste na exposição das mamas à radiação (Raio X) e, assim, pode-se verificar a integridade do contorno mamário. Por utilizar radiação ionizante, não deve ser o exame de escolha para pacientes mais jovens (abaixo dos 40 anos); sobretudo aquelas que não possuem prole definida.

Já a ressonância magnética possui melhor sensibilidade para avaliação da integridade da prótese e por não utilizar radiação ionizante, deveria ser o exame de escolha na suspeita de ruptura. O problema pode ser o custo do exame (chega a ser 10 vezes mais caro que a mamografia). Na ressonância, as pacientes são submetidas a um campo magnético de alta potência e várias sequências são adquiridas para detectar água, gordura e silicone. ?O exame é seguro e não há risco biológico significativo para essas pacientes. Devemos lembrar que as sequência para pesquisa de ruptura de próteses mamárias são diferentes das sequências para pesquisa de outras afecções, como o câncer de mama?, assevera o médico.

Entenda o escândalo

Eis que 12 países foram vítimas de criminosos disfarçados de empresários. Utilizaram silicone industrial, mais barato desde 1993. Além disso, a empresa fabricante francesa PIP reconheceu que passou a fabricar os produtos com ?envelopes? - o invólucro do silicone - de qualidade inferior com o ?único objetivo?, de reduzir os custos e ?aumentar sensivelmente a rentabilidade da empresa?.

12000 brasileiras já utilizaram as próteses PIP (FRANCESA) e 7000 ROFIL (HOLANDESA).

Nos EUA, a colocação de próteses mamárias de todos os tipos representa 16% do PIB. Na França, 9%. No Brasil passamos dos 8%. O IBGE constatou que quase 60% desse gasto sai do bolso de quem possui plano de saúde privado ? apenas 30% dos brasileiros. A maioria da população (70%) só tem direito ao SUS, ?sustentado? pelos 40% do dinheiro restante. Com isso a conta fecha, mas não atende as reais necessidades.

Falta no Brasil uma política de segurança do paciente mais adequada. ?Não há um cadastro nacional para os outros milhares de implantes realizados anualmente. Estes também estão sujeitos à falhas?, explica o radiologista Gérson Prado.

Com as denúncias feitas por médicos e pacientes, a empresa constatou que entre 30% e 40% das próteses apresentavam ruptura. Entre 2009 e 2010, entre 100 e 150 pacientes foram indenizadas com valores que oscilavam entre ? 60 mil e ? 70 mil. Em abril de 2010, a empresa entrou em concordata.

Questionada sobre o que pensava do escândalo, a empresa afirmou aos investigadores que as próteses que produzia não representavam ?nenhum risco à saúde?. Para o presidente da empresa francesa, as mulheres que prestam queixa do produto são ?pessoas frágeis ou que o fazem pelo dinheiro?. Na França, 20 vítimas da PIP dizem ter sofrido de câncer após terem constatado o vazamento das próteses.

INICIO DO USO DE PRÓTESES MAMÁRIAS (HISTÓRICO):

A colocação de implantes da mama começou em 1895 com a injeção de gordura da própria paciente. Muitas mudanças ocorreram desde então.

Parafina, gordura animal e desde a segunda guerra silicone foi injetado em mamas de mulheres Japonesas (ideal de beleza ocidental).

O gel de silicone foi o divisor de águas. Em 1962 Timmie Jean Lindsey realizou a primeira cirurgia para colocação de próteses mamárias de silicone encapsuladas. Casada aos 15, mãe de 06 filhos, divorciada aos 20, queria retirar tatuagens feitas sobre as mamas. A cirurgia foi realizada no Texas por Dr Thomas Cronin.

A partir de 1963 novas próteses mamárias foram desenvolvidas e aprovadas para uso, a maioria com silicone gel médico (não industrial).

FINALIDADE DO USO DE PRÓTESES MAMÁRIAS:

A maioria dos implantes (80%) é para fins estéticos à 5 a 10 milhões de mulheres no mundo inteiro (a busca por seios menores envelheceu; as próteses permitiram seios cada vez maiores)

Saúde à reconstrução mamária pós mutilação (como na mastectomia por câncer, queimaduras graves).

TIPOS DE PRÓTESES:

* SOLUÇÃO SALINA

* SILICONE MÉDICO GEL (com invólucro simples ou duplo)

* OUTRAS

SEGURANÇA:

* As próteses mamárias com duplo invólucro são mais seguras.

* As próteses com silicone gel garantem ainda que se houver ruptura o material não extravasa ou extravasa muito pouco.

* Se houver ruptura das próteses de solução salina, o material não causa danos significativos á saúde.

* O silicone industrial pode deflagrar uma reação inflamatória intensa.

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