?Eu quero ver esse bandido atrás das grades. Vou fazer o que puder para ver isso?, garantiu Angelito Mello, pai do projetista assassinado, na terça-feira, enquanto tentava deter um ladrão em fuga na Avenida Dom Hélder Câmara, na Abolição. A afirmação demonstra que as semelhanças entre pai e filho vão além do nome em comum: Angelito Mello, o filho, era conhecido nos círculos familiares e de amizade por lutar pelo que achava certo.
A Delegacia de Homicídios (DH) fez buscas na região, durante a tarde e a noite de terça-feira, para tentar localizar o autor do disparo, mas ninguém foi preso. Para mudar este fato, Angelito, o pai, prometeu movimentar o caso oferecendo recompensa em dinheiro para quem entregar o bandido.
? Se esta é a forma que tenho para ajudar a polícia a prender esse marginal, farei isso ? garantiu.
Kim, como era conhecido o Angelito filho, não temia ladrões. A própria família sabia das situações em que ele se envolvia e conversava sempre com ele para que não reagisse à ação de bandidos. Mesmo com as conversas, Kim não escondia dos amigos que reagiu a diversos assaltos.
No Cefet, onde estudou, ficou famoso depois que deu uma surra em um ladrão que tentou roubar a sua mochila. O assaltante era conhecido dos alunos e muitos já tinham perdido materiais escolares e até tênis para o marginal. Em outra ocasião, como contou uma amiga da escola, ele rolou pela calçada da Avenida Presidente Vargas lutando com um trombadinha que agia na área.
? Ele não ficava quieto. Se encontrasse alguém em dificuldade, ele ajudava. Mas longe de ser agressivo, ele só reagia. Era grande e achava que podia ajudar ? explicou Wania Mello, mãe de Kim.
Na terça-feira, Angelito estava almoçando em um restaurante da Avenida Dom Hélder Câmara quando ouviu gritos de ?pega ladrão?. Assim que viu o homem passando correndo pela calçada, decidiu que era hora de agir: agarrou o bandido, que estava armado e fez um disparo à queima-roupa em seu peito. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu a caminho do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.
? Quem perdeu foi toda a sociedade. Perdeu um jovem que só queria fazer o bem, que só queria ajudar. E a culpa? A culpa é dos governantes que deixaram o Rio de Janeiro chegar a esse estado, onde muitas as pessoas não têm educação, nem emprego, nem oportunidade e viram ladrões e assassinos ? finalizou Wania.