O comerciante Clóvis Perrut Mantilla, de 29 anos, publicou neste domingo uma carta para a filha no Facebook. A menina foi esquecida dentro do carro em Volta Redonda, no Sul Fluminense, na última quinta-feira. Na mensagem, ele assumiu a culpa pela morte da criança, Manuella Suhet Mantilla, de 10 meses.
Na carta postada no Facebook, Clóvis escreveu que, embora, fosse culpado pela morte de Manuella, nunca quis causar nenhum mal a filha. Segundo ele, os 10 meses e 10 dias que passou junto com ela foram os mais felizes da sua vida.
Leia abaixo a íntegra da carta:
?Senhor, se possível me leva para junto de ti e devolve a minha anjinha de volta para essa terra. Mas se essa não for sua vontade, eu sei que não posso falar mais com ela, só o senhor pode me ouvir. Então, por favor, leia isso para ela:
Meu anjinho, minha Manuzinha, você é o meu coração, e ele morreu por minha culpa. Mas eu nunca quis te causar nenhum mal. Enquanto eu levava seu corpinho ao hospital, eu pedi pra Papai do Céu me levar no seu lugar. Mas ele te escolheu, pois você será um anjo mais belo e puro, e esse mundo terrível não é digno de você, espere o papai aí. Em muito breve estaremos juntos, só não sei o dia, mas eu, a mamãe e o Juan iremos nos reeencontrar com você no céu. Os dez meses e dez dias que você esteve conosco foram os mais belos, felizes e maravilhosos de nossas vidas.
Sempre vou te amar meu anjinho, até daqui a pouco. Papai.?
Clóvis deixou a filha domindo numa cadeirinha no banco traseiro do seu Honda Civic, na Rua das Margaridas, no bairro Água Limpa. A criança ficou cerca de quatro horas trancada no carro e morreu asfixiada
O pai deveria ter levado a filha para uma creche no bairro Laranjal, mas esqueceu do compromisso. Clóvis deixou o carro estacionado e foi a um cartório com dois amigos para fechar a venda de um veículo.
Ele só lembrou da filha após a mulher, Camila Suhet Mantilla, de 29 anos, telefonar e o informar que a criança não estava na creche. Clóvis retonou ao local onde tinha deixado o carro e viu a filha desacordada. Desesperado, ele acionou um amigo, que tentou resgatar Manuela, quebrando o vidro do carro. O próprio pai levou a menina ao Hospital São João Batista, mas a criança chegou morta.
O comerciante foi indiciado por homicídio culposo, aquele em que não há intenção de matar. Ele pagou fiança no valor de R$ 12,4 mil para responder pelo crime em liberdade. O casal mora em Barra do Piraí. Eles têm um outro filho de quatro anos.