Os pais de um bebê de dois meses que morreu neste domingo (8) após tomar uma injeção no HRT (Hospital Regional de Taguatinga) denunciam erro e negligência médica.
Para o pai da criança, Álvaro Moisés, depois que o filho passou pela triagem, a equipe médica achou melhor interná-lo em função de uma tosse que aparentava ser coqueluche.
? Foi só uma suspeita. O hospital diz que ele morreu de coqueluche, mas na certidão de óbito consta que foi pneumonia e edema cerebral. Meu filho morreu nos meus braços, levei meu filho pra morte. Quero Justiça, porque ele entrou no hospital sorrindo e saiu morto.
A família alega que durante todo o tempo o bebê ficou em uma maca de adulto normal no próprio consultório da médica porque não havia leito na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para receber a criança.
Durante três horas, a equipe teria ministrado pelo menos 13 medicações, conforme consta no relatório médico emitido pelo próprio hospital. O documento foi entregue à família depois que o pai da criança pediu ajuda de parentes que trabalham na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros.
? Eles não queriam me entregar o documento porque aqui consta tudo o que foi feito e deixou de ser feito no atendimento do meu filho.
Pelo relatório, é possível ver que a médica prescreveu Azitromicina em pó, 600 mg, via oral, 2ml, uma vez ao dia. Apesar disso, o pai do menino disse que foram aplicadas duas doses do medicamento em cinco minutos por meio de injeção.
? O remédio que deveria ter sido aplicado via oral foi aplicado na veia. Meu filho não tomou qualquer medicamento via oral, tenho várias testemunhas que comprovam isso. Esse remédio era pra ter sido dado uma vez durante todo o dia, mas aplicaram duas vezes em cinco minutos.
A mãe do bebê, Amanda de Oliviera, contou que foi orientada pela própria equipe médica a procurar os direitos junto com o marido.
? Alguns enfermeiros disseram para que procurássemos nossos direitos porque fizeram coisa errada com nossa criança.
Amanda também disse que o filho estava com tosse intensa havia 15 dias e que procurou atendimento na rede pública de Saúde pelo menos três vezes nesse período.
Na noite de domingo, o bebê fez exames de sangue e raio-x no pronto-socorro do HRT e os resultados apontaram que tudo estava aparentemente normal.
? Não deu nada no raio-X e apenas uma leve alteração foi encontrada no hemograma e por isso houve suspeita de coqueluche, mas a médica nos dispensou e disse que poderíamos tratar em casa.
Segundo o relatório médico de posse da família, o hospital ainda tentou internação na UTI, mas não havia vaga. Após quatro horas de tentativa de reanimação, o bebê morreu de parada cardiorrespiratória, com suspeita de coqueluche.
A mãe também relatou que antes de receber a medicação o menino mamou bem e estava sorridente, mas enquanto a médica passava a receita para cuidar em casa o bebê tossiu e ficou roxo.
? Nessa hora ela achou melhor interná-lo. Depois que aplicaram o remédio, ele começou a chorar e ficou preto. Chegaram a tentar colocá-lo na UTI, mas não tinha vaga. Depois, fizeram outra tentativa, mas a equipe não conseguiu contato com o ramal desejado. Ninguém sabe explicar porque meu filho morreu.
Justiça
O advogado da família, Dailer Pinheiro Costa, disse que está colhendo todas as provas para dar início ao inquérito policial e instaurar o processo judicial.
? Vamos apurar tudo direitinho, identificar os responsáveis e pedir punição.
A ocorrência está registrada na 12ª DP (Taguatinga Centro), que acompanha o caso. O corpo do menino foi levado ao Hospital de Base para fazer exame de necropsia.
Espera por laudo
A Secretaria de Saúde afirmou que o corpo do bebê foi encaminhado ao IML para necropsia. O resultado deve sair em 20 dias. Logo após a morte da criança, a secretaria informou que não houve negligência ou erro no atendimento à criança e que, conforme prontuário eletrônico do hospital, ela apresentava um quadro de tosse havia sete dias, foi medicada e passou por exames.
Segundo a pasta, as medicações indicadas e o atendimento foram corretos para o quadro clinico que se apresentava.